Há um velho carvalho, no cimo do monte que, desde que me lembro da vida, lá está. Solitário, negro e forte.
No cimo do monte, nada mais há em torno da arvore e do cimo do monte pode-se ver toda a terra.
E o carvalho, lá do alto, zela por todos os que cá em baixo fazem a sua vida.
Numa destas tardes de tempestade de primavera, um relâmpago caiu dos céus em fúria e como uma lança atirada lá do alto pelos Deuses, acertou em cheio neste marco de história e longevidade, queimando de fogo celestial todo e qualquer recanto da arvore, deixando-a em brasa e rachada ao meio.
200 anos de vida terminaram assim, em segundos. Do chão até ao alto dos mais altos ramos, o carvalho tornou-se negro e inerte...
Hoje, olhando para ele, recordo os tempos em que daqueles ramos saíam folhas grandes e viçosas que protegiam do forte Sol de verão, todos os que debaixo de si procuravam abrigo, se sentavam, namoravam...
Hoje, olhando para ele, recordo ainda as tardes de Setembro em que juntos escrevemos no tronco do carvalho, os nossos nomes, dentro de um enorme coração, selando assim aquele nosso amor que ía ser para sempre...
Hoje, os nossos nomes ainda lá estão, agora enegrecidos e gastos dos anos e do fogo que devorou a arvore naquela tarde de tempestade.
Hoje, já não estamos juntos, mas no carvalho, lá no alto do monte, zelando por nós, o nosso amor lá está... gravado no negro... e ali parece eterno...
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