quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A arvore dos anos


Há um velho carvalho, no cimo do monte que, desde que me lembro da vida, lá está. Solitário, negro e forte.
No cimo do monte, nada mais há em torno da arvore e do cimo do monte pode-se ver toda a terra.
E o carvalho, lá do alto, zela por todos os que cá em baixo fazem a sua vida.
Numa destas tardes de tempestade de primavera, um relâmpago caiu dos céus em fúria e como uma lança atirada lá do alto pelos Deuses, acertou em cheio neste marco de história e longevidade, queimando de fogo celestial todo e qualquer recanto da arvore, deixando-a em brasa e rachada ao meio.
200 anos de vida terminaram assim, em segundos. Do chão até ao alto dos mais altos ramos, o carvalho tornou-se negro e inerte...
Hoje, olhando para ele, recordo os tempos em que daqueles ramos saíam folhas grandes e viçosas que protegiam do forte Sol de verão, todos os que debaixo de si procuravam abrigo, se sentavam, namoravam...
Hoje, olhando para ele, recordo ainda as tardes de Setembro em que juntos escrevemos no tronco do carvalho, os nossos nomes, dentro de um enorme coração, selando assim aquele nosso amor que ía ser para sempre...
Hoje, os nossos nomes ainda lá estão, agora enegrecidos e gastos dos anos e do fogo que devorou a arvore naquela tarde de tempestade.
Hoje, já não estamos juntos, mas no carvalho, lá no alto do monte, zelando por nós, o nosso amor lá está... gravado no negro... e ali parece eterno...

Se estivesses aqui...

 Gostava que estivesses aqui...
 Agora contemplo o mar e o momento é bom, sereno e calmo, mas gostava que estivesses aqui.
 Estou com as gaivotas e as gaivotas voam em torno de mim e guincham, pelo ar, alto e além, como que a querer dizer-me que gostavam que estivesses aqui.
 Olho para o horizonte e lá longe põe-se o Sol, tímido e lento, afunda-se no mar oceano, triste por me deixar só e, tal como eu, e as gaivotas, também ele gostava que estivesses aqui.
 Agora, lembro-me de tudo o que me apetece dizer... agora já não tinham travão, os pensamentos que saltam na minha mente. Agora gritaria aos quatro ventos tudo o que vem cá dentro... tu, que vens cá dentro e nem sabes que sim... agora que não estás, e os quatro ventos... e o Sol... e as gaivotas, tal como eu gostavam que estivesses aqui.
 Aqui na beira do mar me encontro com o fim do dia e com a saudade de te sentir respirar, com a saudade da tua pele arrepiada com o frio do inverno, e eu agasalhava-te para que não tivesses frio...
 Como aqui não estás, as palavras que grito para os ventos e para o Sol e para as gaivotas, morrem logo aqui, na praia... Morrem na areia só porque queriam que estivesses aqui...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hint of the day...

The time it takes for you to understand that there is more in life than just to live it... it´s the time of your life.
So you should think that it is possible for you to die today instead of tomorrow.

Cinema

Chego, entro na sala e sento-me com o pacote das pipocas, à espera que começe...
Perdido por aqui, até me esqueço da horas e do tempo que passa comigo distraido pela verdadeira ilusão.
Parece que quero e desejo fazer parte deste filme, parece que estou à espera de algo que me possa dar balanço para o que tenho de fazer...
Parece que o filme vai começar...
Parece que agora o mundo lá fora esta em pause porque vai começar o faz de conta, e eu procuro-me lá...
Parece que tenho de ter balanço, como se eu próprio não fosse capaz de o gerar.
Depois de tudo o que vivo na vida louca esta, ainda tenho de procurar?
Acho que não me apetece, não tenho nem vontade nem força para o fazer.
Devia ser como no cinema, as coisas são, aparecem... somos herois quando queremos, é só estender a mão e as pessoas estão lá para nos aplaudir... o cinema é ilusão... mas se calhar não devia ser... devia ser a serio para que as pessoas se apercebessem do que é viver.
Devia ser como no cinema, quando queremos tudo acaba bem e os bons são sempre bons e os maus são sempre maus... mas no mundo real o cinema é ilusão.
Sei disso e mesmo assim fico aqui, a alimentar esperanças de que um dia possa estar nesse filme... de um dia sem que o perceba, se note que estou à espera de ouvir o realizador a gritar: Cortaa!!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Hoje

Hoje despi o manto que cobre a minha alma e chorei.
Chorei apenas porque sim...
Apenas porque me lembrei de todos os outros.
Aqueles que nada são, que nada almejam, pois nada esperam.
Hoje estive com eles e deparei-me com o seu sofrimento,
o seu medo, a sua timidez... perante a vida.
Hoje apercebi-me de que, se quisessem... se pudessem, seriam donos do mundo...
do seu mundo, e no seu mundo fariam coisas magnas e soberbas.
O seu mundo seria o de todos, como todos queremos que seja... ainda que hipocritamente.
Hoje soube que também sou eu o culpado pelo seu sofrer... 
tenho culpa pois sou indiferente...
Subo aos infernos e deparo-me com tudo o que aqui existe.
Com as guerras de poder em que sofrem os mais fracos, aqueles que nem se podem defender.
Hoje sou mais forte e tento por tudo terminar com todo o fel.
Hoje como sempre, chego ao fim do dia a lutar contra a corrente... 
Por isso, despi o manto que cobre a minha alma... e chorei.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Inicio do fim

Lá em cima, no alto dos teus debeis pensamentos, há um ponto onde todos querem chegar...
Querem mas não alcançam porque para alcançar esse ponto antes há que contrariar o sentido atroz da existência e tentar escapar incólume à furia do que se abate em nós primeiro.
Faço-me de mim primeiro e só depois deparo com a mentira que eu próprio criei.
E ali, acreditei que mentia ao pensa-lo bem alto para que todos ouvissem... não foi de mim afinal.
Fiz-me de ti.
Assim, sem mais nem menos, e de ti fiz o mundo que agora vejo diante dos meus olhos...
Gostei do que vi no incio do fim, mas agora que acabou este triste espetáculo de fazer adormecer as mentes, caio em mim outra vez e o panico escurece-me a visão.
Ao passo que se ferem e matam os os cães que encontro, neste mundo de pedra negra e molhada, sedentos de raiva e sangue, sigo o meu caminho, mas sempre atento... não quero fazer parte deste vil espetáculo de tristes vaidades. Quero antes seguir e continuar até onde me esperem sereias e anjos que possa ver, finalmente sem olhos de pena.

domingo, 16 de novembro de 2008

Sentido

Ainda o sol não faz dia já tu estás à porta, à espera de algo nem tu sabes bem o quê, mas pessimista no teu pensamento.
E se vier...?
É que sei que estás convicta de não vai chegar o momento, mas... e se chegar?
Que vais tu fazer perante a tua preplexidade?
Como vais reagir quando assim, de repente, do nada, tu olhares e vires que à tua frente está o resto do que falta para que tudo faça sentido?
E será que o reconheces?
Será preciso que to digam?
Será que o vais ver da mesma forma que todos nós?
Estarás tu preparada para enfrentar tudo e todos para partires rumo ao resto do teu caminho?
Sabe-lo-ás de certo quando a altura chegar... sim porque vai chegar... e de nada adianta estares aí a pensar se só acontece aos outros, porque sabes de antemão que isso são clichés inventados para demover da responsabilidade da vida, todos os que dela têm medo.
Prepara o teu precurso, pelo sim pelo não, é melhor que começes a contar com isso enquando esperas... ainda antes do sol... à porta.

sábado, 15 de novembro de 2008

Queixume

 Às escuras sou um simples vulto no silencio, tentando desesperadamente obter algo que me possa fazer crer neste infindável mundo de horrores...
 Sou apenas mais um entre os demais... nem me destaco de ninguém porque se calhar todos são como eu... iguais.
 Iguais à nulidade de atentos ao destino que se forma a cada passo que damos a caminho do futuro.
 E os passos que damos, juntos ou separados são dados viciados que a cada jogada da vida, em nada obedecem à nossa vontade... antes se tornam contra nós como adversários no jogo magistral e nos devoram a vontade de crescer...
 Antes fora um dos outros, que mais fortes se tornam por não terem que penar nestes campos de furia e vil maldade. Antes fora um dos outros que de iguais nada se assemelham e cruzam estes campos de infurtúnio impávidos e serenos, como que acima de todas estas delusões...