quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Som Antigo

Quando não dá, não dá.
Há daqueles dias... ou noites,
neste caso noites,
em que por muito que se queira,
por muito que se tente,
nada consegue parecer correcto.
E partimos por aí em busca de algo que nos diga
que o que estamos a fazer é certo ou errado
mas não encontramos,
e então continuamos a procurar...
E procuramos, e procuramos...
Até que por vezes se desiste...
Ou por vezes não, e até se encontra algo
que nos dê um motivo, ou nos mostre um lado diferente,
ou nos faça ver que é por ali...
Por vezes basta ver alguém...
Olhar para algo de belo...
Ou ouvir um som antigo que nos desperte
da letargia em que mergulhámos...
E o nosso interior reage a esses estímulos
e acorda-nos para que possamos viver o momento.
Por vezes é necessário que estas coisas aconteçam...
Senão corremos o risco de deitar fora
aquilo que de mais precioso temos.
E não, não é a vida...
É a capacidade de saber aproveitar
tudo o que ela nos mostra da melhor forma possível.
E quem souber fazer isso estará sem duvida
a saber viver.


sábado, 23 de janeiro de 2010

Raiva



Raiva...
Desprezo e déspotas que lutam de mãos dadas.
Favores que se rasgam do céu vermelho,
fisgam os olhos dos outros de farpas acesas de fogo.
Borbulham os inocentes no caldeirão de injustiças.
Agrestes a tudo o que possam agarrar de bom
só por ter medo de, mais uma vez queimar a mão
já de si fraca pela carne podre que a segura à vida.
Desprezo do Divino pelo comum, julgado abaixo de Si.
Sem sequer merecer, é atingido por martelos de dor e sofrimento.
Sem que o diga sou incapaz de fazer diferença.
Sem que o não faça continuo a lutar.
Sem que possa desistir viro-me do avesso.
Tento de novo...
Tento de novo...
Tento de novo.
E logo me prostro no chão negro de cinza ardida do fogo de hoje...
Mais um dia a remar contra a maré...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Pedras


Seis dias...
Seis vezes...
Seis voltas no circulo sem fim.
Seis horas, sem que me conheça os passos.
Junto as pedras que guardo comigo para levantar o muro.
Seis...
Todas, fazem um amontoado de memórias agora doentias
que vejo a preto e branco quando afinal são a cores...
Seis passos em torno do que se quer como vida.
Seis passos em frente pelo caminho preparado para os meus pés
Seis pedras que montam o muro...
que o derrubam e cobrem de pedra o carreiro.
Seis pedras caíram.
Seis dedos de conversa fiada que distraem a mente do mau.
Seis flores que na mão perdem o brilho da vida.
Seis de ouros numa sequência de poker.
Seis pensamentos que vagueiam.
Seis da manhã...
Vem aí o Sol...

sábado, 16 de janeiro de 2010

à espera do fim


Fujo do medo do fim,
resisto ao fora de mim e ao comprimido.
Sem ter por onde verter
toda a revolta que me deixa deprimido.
Seja pela noite que ferra de frio,
seja pela vaga ausência de vazio,
Sequei a fonte que me mata a sede,
matei a minha fome...
com uma maçã verde...
Já tempos houve em que tinha tudo não tendo quase nada...
Dormia onde calhasse ouvir o vento zoar pela estrada...
Fazia o meu caminho suave e com calma,
quer fosse com ou sem qualquer Alma,
e caminhava alegre e contente
seguindo os traços...
da minha palma...
Se ainda me queres viver,
Se ainda me consegues amar,
isso já pouco interessa
Queremos os dois saber,
Eu quem sou e tu que queres,
juntos na mesma peça...
Os dois à espera do fim...