terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tantas...


Comi palavras ao Mundo...
Voltou-se de mim.
Calou-se e nem pio...
Olhei-o com olhos de quem
está ferido de morte.
Fiz o que tinha a fazer e saí.
Já nem me apetece ficar por aqui...
Comi as palavras ao mundo...
Fugiu deste momento fechado...
Fechei-me na redoma que
pensava minha e perfeita.
Só para me ver a mim, só,
longe de onde queria estar...
Agora?
Agora já não quero!!
Agora estás longe de mim.
Tenho saudades tuas...
Saudades na mente,
nos dias que passam...
Saudades nos dedos,
na língua, na pele...
Tenho saudades tuas...
Tantas...

sábado, 20 de novembro de 2010

...diria...


Nem sei já que dizer...
Nem sei já que pense,
faça, consiga ou não...
Fios de pensamento correm
por mim abaixo.
como gotas de chuva
na janela do carro.
Está a chover.
Tudo molhado lá fora...
Tudo encharcado cá dentro.
Cai uma chuva miudinha,
que me lembra
os dias sozinhos
com Mundo e a chuva.
Esta multidão de silêncios
que ensurdecem o olhar.
Nem sei já o que olhe.
Tudo me parece distante,
sombrio e frio como um fim
de dia de Novembro.
Se não fosse a mente
a pregar partidas,
diria que era feliz...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Desiste...
Leva-me contigo...
Foge, que a noite demora...
O corpo frio por dentro
vomita silêncios em dedos de cristal.
Hoje fujo por ti a dentro.
Perco-me nos teus olhos
e deito-me à luz
dos teus sentidos...
Delicia-me este sabor
a quente que corre
pela boca a baixo e
me levanta a Alma...
Não desistas...
Não agora, que me mostraste
o que é saber de ti.
O meu corpo no teu,
pelo teu sorri,
anseia e deseja...
E a praia,
já ali...
Tão perto.
Desiste.
Tão longe...
Não desistas...
Não de mim...
Não agora.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A correr


Guarda-se o tempo como nada...
Como se nada se estendesse para lá
do que se quer crer.
O relógio conta...
Guarda-se a causa perdida,
por se saber perdida, mas,
sempre a pensar no resto...
O relógio conta...
Olha-se o tempo que passou
e não se olha o tempo que passa.
Perco-me nas memorias que guardo
no meu relógio de cuco,
que insiste em dar as horas
com aquele som parvo e repetido...
Guarda-se o som no meu pensamento.
Eco pelas paredes da sala
vazia e sem vida a não ser eu...
Vazio de nada...
E guardo a nada...
Olho para o relógio que conta e guardo
o tempo que passa...
A correr...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Escuro


Sentido escuro...
Momento eterno.
Força que me força
a ficar imóvel,
sem mexer sequer os olhos
que de ver já não suportam
a luz que emana do buraco...
Escuro...
Sentido fraco
que me impele a cair
no mesmo de sempre,
só porque me apetece
sofrer outra vez...
Momento eterno de fim anunciado
e sem nexo, nem contexto...
Força que me tomba no frio,
molhado, chão de pedra dura
que me agrada e magoa ao mesmo tempo.
E continua...
Sempre sem parar...
Que merda...
Que bom.