domingo, 28 de fevereiro de 2010

Outra vez!!

Longe do mundo que criei,
deitei-me no silencio do crepúsculo.
Fingi dormir por um pouco
sem que conseguisse sequer fechar
os olhos da alma ao mundo...
Venci o medo de ter medo,
o medo de continuar em frente.
Venci-o de repente...
Sem me aperceber, entrou em mim
a calma e sossego.
Fechei os olhos e vi o fim do dia como
algo de bom... Primeira vez!!
E foi longe do mundo que criei...
Longe daquilo que me assustava...
Longe da calma e sossego que queria
no mundo que criei.
E não sabia que era preciso criar
outro Mundo...
Um Mundo maior, para derrotar o medo
de o criar... Outra vez!!
Primeira vez!!!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cinza

Frio dormente...
Cinza de um céu coberto
de nadas e tudo.
E a sombra do que foi,
vasculha as memórias em busca
de algo que se digne a ter cor.
Amanhã é o teu dia
e Eu queria não me lembrar.
Queria que passasses por mim a correr
e não viesses de encontro a mim, sempre.
A sombra da nuvem que passa
Tira-me o calor do Sol
e sem o Sol,
não sei ver as cores.
Sem o Sol fico aqui, de sobretudo,
a caminhar pelas ruas molhadas
e envergonhadas da chuva.
E enquanto a sombra pairar sobre mim,
a cinza do céu vai trazer o frio
que me faz dormente...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Dedos de papel


Dedos de papel...
Que fogem ao controlo das coisas
e remetem para onde os fugazes instantes da
fúria se demonstram e agigantam.
Dedos de papel,
sem o serem verdadeiramente,
são-no de uma forma tão firme e agreste,
que queimam de incerteza.
Dedos de papel,
que mostram aos outros o que vai na mente de pedra.
Dedos de papel,
que de papel se queimam tão facilmente
como fácil é para o Sol saltar
para o outro lado do mundo e deixar-te no escuro.
Dedos de papel
que dedilham um qualquer piano,
chorando melodias desesperadas de atenção
Dedos de papel
que fracos já nem se opõem à força da mão que os sustem
Dedos de papel
que em vão tentam segurar os grãos de areia,
que na tua palma,
anseiam pelo chão da praia...
Já não são nada.
São apenas dedos de papel.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sentado

Sentado.
E à minha frente, a agua da fonte que jorra,
funde-se com as gotas da chuva que cai.
O céu cinzento insiste em lembrar-me que é inverno.
Insiste em esconder-me do Sol.
A chuva que cai, molha-me a face,
o corpo, já encharcado e frio.
Nada...
Nunca nada...
Sentado...
Rasga os céus o ruído rouco de um avião que passa.
E mais um carro que desce a rua.
Os pingos da chuva que cai,
lavam de agua as pedras da calçada,
pisada até à exaustão pelas pessoas que passam,
indiferentes, a correr...
a fugir da chuva que cai...
Passam por mim...
Sentado...
E aposto que no breve momento
em que o seu olhar se cruza comigo,
aqui sentado, molhado,
se questionam o porquê de eu não me proteger da chuva.
Esquecem-me assim que desviam o olhar...
Não é importante...
Passo a ser apenas algo de vago nas suas mentes...
Memorias para esquecer...
Só a chuva continua...
A chuva não me esquece...
E molha...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Proibido


Não se pode fazer.
Não se pode tentar...
É proibido chegar até ti agora
É proibido alimentar esperança, falar quente...
Feliz.
É proibido ser ou tentar ser tranquilo
quando se cruzam olhares magoados
pelos enganos dos outros.
Não se deve pensar no que seria...
no que foi, o que foi e porque foi
Não se encontram nos cantos da memória,
lembranças do que existiu um dia de belo,
e deixou de existir...
É proibido fazer caso.
É proibido ter uma opinião.
É proibido expressar-ta.
Não me deixes cair neste jogo de proibidos...
Não me deixes ficar aqui à espera de um caminho
de pedra fria e cruel que me rasga os pés...
Vem e traz-me um aceno... uma certeza...
Não me importa que doa, que fira
ou aconchegue, simplesmente.
Só não me deixes de olhos fechados
a pensar que tudo me é proibido.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

É o que for...

Quando cai a noite ao pé da ponte,
as coisas parece que se perdem no tempo.
E sempre que o dia é de chuva,
há um misto de névoa e calma
que se apressam a invadir tudo em redor...
É uma visão estranha mas maravilhosa, de mistério...
E quando passeias pelo caminho de leva à ponte,
as árvores parecem inclinar-se para te poder tocar...
E nesse instante parece que fazem o que for preciso
só para poder trocar de lugar com qualquer maltrapilho
e com os seus olhos poderem mergulhar
nas cores da tua pele...
Na brandura do teu sorriso...
No cheiro a luar do teu cabelo...
E aí as coisas parece que se perdem no tempo.
E quando passas, ao cair da noite, junto à ponte
o mundo parece pausar para te olhar,
quando a névoa se apressa a invadir tudo em redor,
ela vem para te abraçar,
como se tivesse ciumes das árvores
que fazem o que for preciso para te sentir...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sonhos...


Já não estás cá.
A janela aberta deixa entrar o calor de um dia de verão.
Ao longe, as árvores do jardim procuram-te sem sucesso.
Eu procuro-te com elas...
Deixam-se levar por conversas e boatos
que os velhos do jardim mandam para o ar.
Escutam o cantar do vento em busca de uma nota da tua voz.
E eu olho para todo o lado,
na esperança de a qualquer momento
encher meu olhar com o teu corpo de mel e estrelas.
Na esperança de te encontrar primeiro.
Já não estás lá.
A janela aberta nada de novo traz à sala,
para lá do quente de Agosto.
Lá em baixo correm os carros e as gentes,
e nem sabem o bom que é quando tu vens...
E nem sonham o que é saber que existes.
E se soubessem vinham também,
comigo,
com a árvores,
procurar e encontrar-te primeiro,
para se perderem no encanto.
Para se perderem no recanto
da mente que guarda
o mais belo dos sonhos...
Para ti...