sexta-feira, 6 de maio de 2011

Prumo...


Estavas aqui, pois sim...
Eras um tempo diferente do meu.
As coisas a correrem para de baixo
de um tapete, a esquecerem-se,
e tu aqui, pois sim...
Desciam as gotas do céu,
num dia cinza de inverno, terno...
Caiam luzes foscas dos candeeiros
na rua fria de gente, de vida.
Eu olhava para as coisas,
a tentar equilibrar-me num
fio de prumo à vertical...
E tu aqui, pois sim...
Aqui a ver, como eu, as coisas,
de fora, em frente...
Nem sei já que diga...
São as ideias que se atropelam
e confundem umas às outras.
Sou eu que, de pé, tento não cair,
quando sei, porque sei,
que num fio de prumo
não se pode caminhar...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Deserto


Caminho deserto que leva para longe...
Anseios desperto neste não saber.
Faço-me forte aos outros mas aqui...
Aqui não há forças que valham...
Não há chãos que se pisem,
nem sequer um toque quente
ou um sorriso, perdido no meio
do escuro...
Caminho desperto de anseios...
Deserto, o lado esquerdo da Alma
por não ser, não saber senão...
Desejar...
Desejar-te...
Longe mas perto.
Doí a distancia...
Distrai...
Queima o peito e o âmago,
por dentro, e faz longe, o caminho...
Deserto...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Perdi-me...


Perdi-me num olhar...
Passou por mim, tranquilo e perdi-me...
Deixei de ouvir o ruído do mundo.
Passam-me ao lado as coisas, e eu?
Perdido num olhar...
Um olhar teu, que me enche a Alma
Entrou por mim a dentro e desarranjou
as ideias e as coisas que escondia de mim.
A atenção do que se passa passa ao lado, e eu?
Perdido num olhar.
Perdido no tempo que passou desde então,
e as coisas seguiram o seu rumo
e aconteceram, e eu...
Eu perdido nesse olhar,
nem dei conta de ti...
Nem dei conta das coisas...
nem dei conta do quando me fez bem
perder-me nesse olhar...
E feliz contemplo o caminho,
perdido num olhar...