sábado, 30 de junho de 2012

Nem que fosse...



Um dia ouvi-te no vento...
O som que ele tinha,
um suave murmúrio
do tempo que passa...
E às vezes sentia-se o som...
Nem que fosse ao de leve...
Um dia esperei-te na chuva,
molhado e esqueci o sentido
das coisas que quis...
E nem olhei para trás.
Nem por um momento que fosse...
Fiz um percurso na areia
para que o seguisses,
que o mar apagou assim
que me voltei para o ver...
E o som de uma gota de chuva
nem sequer é audível a quem
o não queira...
Não como o som do mar...
E eu não queria.
Mas um dia ouvi-te no vento...
E matou-me devagar a saudade.
A vontade...
Esperei-te na chuva e,
a ouvir-te no vento,
e o vento a deixar-me aqui,
só, exausto em tanto esperar,
de te ouvir e não ver...
Sentir...
Nem que fosse...



terça-feira, 12 de junho de 2012

... passam...

Está frio aqui...
O céu já não tem estrelas
e as pessoas descem rua abaixo
como agua de uma chuvada invernal.
E a chuva que cai e molha este corpo
parado num tempo que já nem é daqui,
molha... até aos ossos.
Está frio aqui...
A mente distante, dispersa num lago
de esperanças e vontades perdidas,
que anseias por perto,
mas longe...
Está frio aqui...
As ideias custam a sair
e desarrumam-se sozinhas,
e não sabes pô-las no lugar...
E as pessoas passam...
E nem o olhar basta para um toque.
Nem um toque basta para um olhar.
E quando te bate no peito o frio que está,
encolhes-te em ti, e a concha que cresce,
não se vê de fora, só cá dentro.
E a gente não sabe, não percebe, ou não quer,
ou crê, que está frio aqui...
Mas está...
E é um frio que só dói cá dentro.
Uma dor de mansinho,
 que os outros não sabem.
E assim têm medo de entrar...
Têm medo que a dor seja igual...
E para mal já basta o seu...
Está frio aqui...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Frágil


Frágil...
Na ponta dos dedos, segura...
Um baque no peito, um olhar a piscar.
Um segundo basta, meio, para te transformar...
Frágil...
Um inspirar, um suspiro, frase falada,
ouvida ou então, nada...
De um momento para o outro
tudo é em vão, esquecido
e passa ao lado de um instante
que pode ser tanto, tão pouco...
Nada...
Frágil...
E sem se saber, arrisca-se
Despreza-se, ignora-se 
o frágil que és
numa redoma de vidro que desce
descontrolada um rio de pedras.
E o fim, frágil, esquecido, hoje...
Para sempre...

domingo, 8 de abril de 2012

Outro plano


Se as curvas do caminho se cruzassem,
Se as ondas de um mar nos alcançassem
e um sentido só, para tudo...
Sereno, dentro deste frasco de papel...
Mel...
De um doce que só lembra ao Diabo...
De um suspiro Divino, Divinal...
Momentos rasgados de ardor.
Se por momentos fosse, o amor...
Deitado na areia da praia, deserta...
O mar ao longe, tão perto, sem fim.
Naveguei-o sem parar, e tu?
Uma ténue recordação, de longe a longe,
a trilhar as ideias e o lado esquerdo da Alma...
Já não sou mais que palavras,
perdidas ao vento...
E se lhas pedir,
vira-me as costas e encontra-se
contigo, num outro plano...
Uma outra realidade...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Num dia pensado assim


Não és mais que um ponto de luz...
Distante, no fim de um dia cansativo.
E as coisas que me chateavam,
que me punham fora do lugar,
estão longe do pensamento...
Às vezes nem tudo o que queremos é bom.
Às vezes faz bem pensar em coisas
que não fazem sentido nenhum...
E se a chuva começar a cair durante a noite,
eu levanto-me e vou à janela,
só para a poder ver de novo...
Que saudades do cheiro a molhado...
Que saudades da calma escura
de uma noite de chuva mansa...
Que saudades das tuas mãos...
Que saudades tuas...
Que saudades...
E o som da saudade a bater
no lado esquerdo da Alma,
a rasgar a memória e as coisas
que se queria esquecer...
Vamos lá esquecer um dia de chuva...
Não... nunca... não quando se sente
saudade do momento em que
as gotas nos saciavam a Alma,
carente de água, amor, alegria...
E as coisas que me chateavam,
que me punham fora do lugar,
estão longe do pensamento...
E não são mais que um ponto de luz...
Distante, num dia pensado assim...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

24 Fevereiro 1990



Acorda um murmúrio distante...
Um sopro no peito, dormente
de um frio que se suporta
mas só até um ponto...
Foi hoje, há tanto tempo...
Foi hoje...
As coisas lá fora correm,
normais, banais demais.
Dentro, cá dentro, nem parece
que o Mundo continuou a viver...
Todos os dias estás aqui.
Todos os dias te vejo...
Nas nuvens, nos pássaros,
nas crianças que brincam
no jardim, na praia...
Todos os dias sinto,
e mesmo que não acredite,
sinto que se me voltar de repente,
estás ali, a olhar para mim
com aquele sorriso de que,
agora já mal me recordo.
E o Mundo passa e deixa
mostrar que o tempo continua.
E a vida segue sem parar,
as coisas continuam no lugar...
E isso deixa-me feliz...
Feliz por saber que estás ali.
Que estás ao nosso lado
e que nos mostras o caminho
a seguir...
Mesmo que não estejas, para mim
estás...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Gotas


Ainda há pouco estava a chover...
a rua perdida do encanto do fim de tarde
e Eu ficava de plantão, à janela, a olhar...
As pessoas da rua, absortas dela...
As flores do canteiro à espera...
E Eu... à espera...
A luz cinzenta dos dias de inverno
a mergulhar a rua no esquecimento.
Ainda há pouco estava a chover,
nem há um minuto...
E Eu ganhei um pouco de tempo
que agora me parece inútil.
E a chuva passada que foi
deixou tudo diferente, molhado, sei lá...
Se as coisas mudassem assim, ao capricho
das gotas de chuva que sem saberem
mudam o que quer que toquem...
Se as coisas mudassem assim, num minuto...
Num bafejo de sorte, ou calor, ou algo
que sem sabermos pudesse fazer diferença...
Se ao menos tudo fosse mutável...
Como uma rua, molhada...
No fim de um aguaceiro invernal...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Céu


O céu acabou...
Do leito de um momento parado no tempo,
um suspiro vem, vai...
Crença de que a vontade que o libertou
tinha razão quando se ouviu...
O céu acabou...
E as luzes do dia que sai de mansinho,
as cores do caminho,
o olhar perdido de alguém que acordou
e se apercebeu de repente...
O céu acabou...
Não há azul, nem sons, nem recortes,
visíveis apenas uns pontos de luz
perdida num mar de escuro
trémula, distante...
Ergo o semblante...
Desperta o olhar num suspiro...
Deita-se a mente naquilo que vê.
Acorda o lado esquerdo da Alma,
percebo, com calma,
o que o dia que foi, deixou...
O céu acordou...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cabeça de Vento


Cabeça de vento...
Liga à terra como um fio de prumo
feito de fios que partem,
sem se ver, ditraídos, desatentos...
Cabeça de ventos...
Perdida, voa pela vida como
se não houvesse precisão
de a contrariar, controlar...
Sempre...
E as coisas, obviamente, más e boas,
todas iguais, todas diferentemente iguais.
E os sinos que badalam a dar as horas
a desviar a atenção àquilo que se quer,
atento...
Cabeça de vento.
Sorte a tua, por agora, que o que
perdes nesse éter de dentro,
não desvia quem te quer,
e segue contigo o teu rumo...
Sorte a tua que a vida
ainda se não lembrou de te
dar um coice valente
que te entre, força adentro...
Cabeça de vento...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Demora


Demora a chegar...
Sentidos no chão dispersos.
Um olhar distante, disforme e só.
Um sopro de nada
e o fogo a crescer...
Demora a chegar...
Sentimento que aperta...
Um baque no lado esquerdo da Alma
Vou sair...
Está frio lá fora.
Não digas nada,
abraça-me apenas...
Preciso desse abraço para o caminho.
Nem sei sequer onde vou...
A chuva espera-me lá fora e Eu...
Espero por ti, sem ti,
sem ninguém que me
aqueça o fogo que morre...
Demora a chegar...
Sentidos no chão, dispersos,
sem rumo... sem cor...
E o fogo a crescer.
Demora a chegar...
Mas quando chegues,
apressa-te a partir.
Não vá o olhar perder-se em ti
e prender-te a algo que não deseje...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Se fechares os olhos, estou lá...
És memória presente...
Ausente...
És um ponto de luz no escuro,
um dia tranquilo, seguro
e eu estou quase lá...
E há um ponto de luz presente,
ausente
das coisas que se chamam
complicado...
E se fechares os olhos, estou lá...
E a rua que se fecha ao fim do dia,
as coisas que perdem a graça,
da luz que lhes foge a correr,
a rua ganha sentido
e os olhos, fechados, sorrindo...
Sorriso de uma luz que se vê...
Ao fundo de um caminho preciso,
um gato pardo, e um guizo
que soa num canto de ouvido,
um canto que nem se nota, ou vê...
Mas se fechares os olhos, estou lá.
Num canto, memória, quiçá...
Uma ponta de vento forte,
que se eleva, vinda do norte,
e te beija com um quente de mel...
E sempre que se levante
o medo assim de rompante,
e te faça sequer duvidar
que estou sempre lá...
Pousa a mente inquieta,
num ponto de luz incerta...
Verás um sorriso que é teu.
Se fechares os olhos, estou lá...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Passou


Não era o que eu queria dizer...
As palavras saiam às cavalitas,
trocadas e sem sentido...
Os meus olhos enganavam o cérebro
e mostravam as coisas ao contrario.
As pessoas caminhavam pela rua
e Eu ficava, imóvel, insensível
a tudo, às luzes...
Passei por ti mas não te quis ver.
Fiquei chateado, sabias?
Isso não se faz a ninguém...
Queria tanto o que queria,
que nem liguei ao resto...
Perdi-me do Mundo.
Fechei-me Dele e agora...
Agora já ninguém me conhece...
Nem Eu.
Passou...
Mas continuo chateado, sabias?
Continuo sem saber o que aconteceu...
Porquê e para quê...
Até pensei que fosses Tu,
por uns momentos...
Mas depois a porta fechou-se
e Eu perdi a chave que a abria...
E as pessoas passavam
e nem quiseram saber...
A agora?
Passou...
O tempo...
A vida...
Passou e perdeu-se o que havia...
Não era o que Eu queria dizer...
Mas disse...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sobra-me


Sobra-me um sopro.
Um pedaço de brisa
que o mar trouxe com ele.
Um suspiro de inverno
num dia quente de outono,
matinal...
Sobra-me um todo.
Pedaço de um momento,
deixado no canto, ao pó...
Sobra-me tanto...
Tão pouco o tempo
que sobra, em branco...
Sobram-me as ideias,
perdidas num quarto
de azul, bem escuro,
longe da mente desperta.
Sobra-me a fala.
Que me leve a mente
à tua e se faça entender,
perceber, como deve ser...
Sobra-me tanto...
Tão pouco...

sábado, 11 de junho de 2011

Se quiseres


Se quiseres, pode ser que esteja aqui...
Se for um daqueles dia de chuva molha tolos
em que nos convencemos que as gotas
que quase se não vêem, não nos molham,
mesmo que já estejamos encharcados até ao tutano.
Se quiseres que te espere,
como sempre à esquina do caminho,
sem saber ainda para onde ir.
Se quiseres pode ser que sim...
Que seja só mais um no meio de muitos...
Outros como eu, ou como tu, não sei, nem tu.
Se quiseres, toca na manhã...
Beija o nevoeiro sorrateiro...
Dá-lhe um ar da tua graça e muda-lhe as vontades.
Se quiseres encosta os teus lábios na face
quente de quem anseie por eles,
ou então não, e deixa que seja o anseio
a ganhar, a perder-se por uma tentação...
Absurda, se calhar...
Se quiseres...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Prumo...


Estavas aqui, pois sim...
Eras um tempo diferente do meu.
As coisas a correrem para de baixo
de um tapete, a esquecerem-se,
e tu aqui, pois sim...
Desciam as gotas do céu,
num dia cinza de inverno, terno...
Caiam luzes foscas dos candeeiros
na rua fria de gente, de vida.
Eu olhava para as coisas,
a tentar equilibrar-me num
fio de prumo à vertical...
E tu aqui, pois sim...
Aqui a ver, como eu, as coisas,
de fora, em frente...
Nem sei já que diga...
São as ideias que se atropelam
e confundem umas às outras.
Sou eu que, de pé, tento não cair,
quando sei, porque sei,
que num fio de prumo
não se pode caminhar...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Deserto


Caminho deserto que leva para longe...
Anseios desperto neste não saber.
Faço-me forte aos outros mas aqui...
Aqui não há forças que valham...
Não há chãos que se pisem,
nem sequer um toque quente
ou um sorriso, perdido no meio
do escuro...
Caminho desperto de anseios...
Deserto, o lado esquerdo da Alma
por não ser, não saber senão...
Desejar...
Desejar-te...
Longe mas perto.
Doí a distancia...
Distrai...
Queima o peito e o âmago,
por dentro, e faz longe, o caminho...
Deserto...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Perdi-me...


Perdi-me num olhar...
Passou por mim, tranquilo e perdi-me...
Deixei de ouvir o ruído do mundo.
Passam-me ao lado as coisas, e eu?
Perdido num olhar...
Um olhar teu, que me enche a Alma
Entrou por mim a dentro e desarranjou
as ideias e as coisas que escondia de mim.
A atenção do que se passa passa ao lado, e eu?
Perdido num olhar.
Perdido no tempo que passou desde então,
e as coisas seguiram o seu rumo
e aconteceram, e eu...
Eu perdido nesse olhar,
nem dei conta de ti...
Nem dei conta das coisas...
nem dei conta do quando me fez bem
perder-me nesse olhar...
E feliz contemplo o caminho,
perdido num olhar...

terça-feira, 15 de março de 2011

Ler


Assim de repente não sei ler...
Não se percebem as letras do caminho.
Assim de repente o Sol ofusca as ideias
e desarranja os pensamentos...
E as coisas que parecem reais,
frágeis ao toque de uma mão
cheia de rugas,
cheias de nada e de tudo
ao mesmo tempo, essas coisas,
fogem de nós, como se preciso fosse
que fugissem...
Assim de repente cria-se uma ilusão...
Prende-se o olhar em algo
que passou, que partiu, já longe...
Assim, como quem não quer, mas quer...
E já nem se percebem as letras do caminho.
Já se inventam e põem nos sítios que se quer,
só porque aí parecem bem...
Só porque se quer que façam sentido
mesmo que deixem de o ter.
Só porque, de repente, alguém diz
que, dê lá por onde der, têm de fazer sentido.
Só porque sim...
Assim não brinco.
Assim fico de fora, a ver...
E talvez, quem sabe,
chegue alguém que as arrume
e lhes dê o sitio certo para começarem
a fazer sentido...
Assim, talvez...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Azul


... e se um pedaço de céu,
azul, tranquilo,sereno,
se soltasse lá do alto
e fosse ter contigo
e te sussurrasse ao ouvido
aquilo que daqui gritei para ele?
Sabes o que te diria?
Que tem ciumes teus
por Eu lhe dizer que o teu Azul
é de longe o melhor...
E até é a cor de que mais gosto...
E agora, mesmo agora,
gritei ao céu que o teu
Azul é mais que o dele...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cai...


Um pedaço de céu
dá-te a chuva que cai...
Manhã submersa num tom
de melancolia, fria...
Um pedaço meu,
que adormeceu,
que se esvaí...
Murmúrios que juntos,
souberam a algo, um dia...
Desperto ao mundo dos tons...
A chuva parou e o som
da cidade começa a ouvir-se outra vez.
Um som que te acorda e tira
da dormência do que aconteceu...
um pedaço de vida
que já não te diz respeito...
Um suspiro perdido num mar
de gritos de silencio...
Mal se ouve, mal se vê.
E os ouvidos e sentidos,
presos nesse momento.
Nesse pedaço de céu
que te dá a chuva que cai...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O meu lado esquerdo


Como se fosses de cristal...
Belo, brilhante e vivo de luz
dentro das coisas que são e não são...
Feita de sonhos, meus e da manhã,
que vem, sorrateira, abrir-me os olhos.
Feita de um sorriso que
roubei ao teu rosto no outro dia.
Como se fosses de flores...
à espera dos raios do Sol...
De um pouco de brisa de mar...
Como um barco a navegar as ondas
suaves de um dia de verão...
Como se fosses um céu,
que se derrete em azuis imensos
e nos faz perder o olhar só porque sim...
Como se fosses uma cor de que goste.
Gosto de ti sem querer...
Gosto de ti sem saber...
Quero-te sem te provar...
Acho que sei que cá dentro
o que diz o meu lado esquerdo
é que sim...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

(im) Paciência


Saí agora, e depois?
Já lá estava quando chegaste e não disseste nada...
As pessoas começaram a falar em surdina
e a olhar de soslaio por estar aqui,
sozinho, à tua espera...
O prato na mesa a esfriar e um toque
de amargo na boca, a olhar a porta, e a desesperar por te ver.
Se calhar querias que não me importasse...
E se calhar nem me importo, mas isso não interessa.
Agora já saí...
Perdi o tempo e a paciência de te esperar.
Tenho mais que fazer, mais que ver e mais que conhecer...
Sim, agora que perdi o teu sabor, posso
realmente mudar de gosto e partir para algo de novo.
Se quiseres fica por aí...
Pode ser que um dia percebas aquilo
que senti por ti...
Pode ser que um dia te decidas a perdoar
a minha paciência por te esperar.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Acordar


Acordei, abri os olhos e olhei o mar azul,
mesmo à janela do quarto...
O dia espreguiçava-se areia abaixo
e prometia ser quente.
Quente, pensei...
Olhei para a cama e estavas ainda dormir.
Que visão perfeita naquele instante.
As tuas costa nuas e suavemente pousado nelas,
o lençol, que descia por teu corpo abaixo
escondendo e revelando tudo ao mesmo tempo.
Naquele instante amei-te mil vezes seguidas.
Fui à janela respirar um pouco e voltei
para perto de ti.
Pousei as minhas mãos
no teu corpo e sem que soubesses
fiz um mapa de ti na minha mente.
Acordei-te com beijos de cima a baixo.
Abriste os olhos, sorriste para mim,
e quando me ias falar...
Acordei...
Vou ficar o dia todo em casa.
está chover lá fora e neste momento
não me sai da cabeça a tua voz...
E quero dormir de novo,
para saber o que me dizes
quando te acordo aos beijos...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mãe...


Lembro-me daqueles momentos em que de repente,
assim, do nada, me vinha à memoria o quanto gosto de ti.
Lembro-me daqueles dias em que me deste de comer
e me vestiste do inverno que esfriava lá fora.
Lembro-me do sentimento de alegria e aperto no peito,
que dói mas é tão bom...
Lembrei-me agora de novo desse sentimento que pulava do coração
e não me deixava passar um dia que fosse sem que te dissesse.
Amo-te...
Nunca tive a oportunidade de to dizer verdadeiramente.
Era um puto que mal sabia o que é este estranho carrocel a que chamam vida.
Cresci com este sentimento no peito e mesmo quando
me revoltava contra ti, ele nunca me deixava
dar aso a essa revolta, e matava tudo assim que via os teus olhos.
Ali tudo se desvanecia naquele sentimento de amor...
Passou já tanto tempo...
Passei já tanto nesta vida sem ti.
Corri montes e vales, estive nos prados, nas lamas da vida.
E sempre que me lembrei de ti,
vi os teus olhos...
Já não me consigo recordar deles...
Queria tanto.
Queria lembrar-me dos teus olhos.
Queria lembrar-me do teu sorriso.
Queria lembrar-me da maneira como me falavas.
Queria, nem que fosse por um instante, lembrar-me...
Nunca te esqueci... E nunca te esquecerei.
Foste e serás para sempre o meu grande amor.
Estás e estarás sempre no meu coração.
Só queria poder lembrar-te na minha mente um pouco mais...
Um pouco melhor...
Amo-te para sempre...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Às vezes


Às vezes as pessoas não chegam...
Às vezes, por muito que se queira não se acha
o caminho e ficamos parados a olhar o horizonte.
Às vezes não há vontade que chegue,
nem que se queira muito.
Às vezes só há um suspiro...
Uma palmada nas costas de quem
não entende e não sabe...
Um conselho que por bom
que seja, não se pode usar.
Talvez porque às vezes se sente
que por muito que se faça,
nada faz sentido.
E o Mundo insiste em rodar,
em seguir a viagem, mesmo sabendo
que ficámos para trás e se não
formos nós a correr atrás dele...
Aí às vezes perdemos o caminho...
Às vezes dão-nos a mão...
Mas nem sempre podemos contar com ela...
Isso é que dói...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Corpo nu


Corpo nu...
Há um som estranho
nas paredes do quarto.
Um copo de vinho,
meio cheio,
meio perdido...
Os lençóis que já
não estão no lugar.
Corpo nu...
Um aroma a desejo
que paira nos lábios...
Um fulgor de anseios
que se chocam em cadeia.
A cadeira que baloiça
ao toque um beijo.
Corpo nu...
Estendido nos braços meus,
desejo...
Sentidos abertos,
desertos, malvados...
Fraqueijam-me os dedos
já trémulos de ti,
de um toque que
já não seja irreal...
Um suspiro, ultimo,
e adormecer tranquilo,
sereno,
bem junto ao teu...
Corpo nu...

sábado, 29 de janeiro de 2011

Falas de ti


Falas de ti,
das coisas velhas
e do tempo que passa...
Levam-me as tardes
quentes de verão...
Sabores de um
copo de vinho na mesa.
As paginas de um livro
que se debruça
à brisa vespertina...
Os passos de alguém
que sobe a rua...
As ideias que se perdem
e se fundem num olhar de prazer...
Um suspiro de sorrisos
que se amontoam na cara.
Um ola que sabe a mel...
Um beijo que cora
o céu de inveja...
E ali na minha frente,
sentidos de amor despertas.
Meus olhos em teus se perdem
as mãos, por ti desertas...
E sem sequer te dares conta,
do fogo que arde cá dentro...
Falas de ti e das coisas...
E eu perdido no centro
de um monte de coisas tontas...




domingo, 23 de janeiro de 2011

Para sempre

Tenho aqui dentro um frio estranho...
Engasgam-se-me as palavras ao sair...
E o cinzento de uma foto antiga
é o único vislumbre de cor que se tem deste lado...
Tenho aqui dentro um frio estranho...
O silencio grita de mim ao ver-te partir...
A rua torna-se mais longa com os teus passos
fica mais escura, sombria...
Tenho aqui dentro um frio estranho...
Dentro de algo que não é meu...
E já nem tu nem ninguém mandam nele...
Tenho aqui dentro uma manhã fria.
De um dia frio de inverno que passei
a olhar a janela, a rua longa de ti...
A rua que te levou, por aí...
E a foto que guardo comigo
continua cinza, a mostrar o canto
onde um dia, frio, me apertaste
a mão e prometeste calor, para sempre.
Perdoa-me meu amor,
mas agora sei que não há para sempres...


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sentimento

Esfuma-se o fumo de um cigarro
por entre dedos dormentes...
És da cor do que quero...
Da cor do meu sentimento.
Sentido e passos dados fora...
Da cor de um dia que passa
sem se ver, sentir...
Faz frio lá fora
e o cigarro corre a extinguir-se,
e o silencio que corta
este quarto pequeno,
desarranja as ideias...
E a cor das ideias esvai-se,
e o fumo escapa-se dos dedos
por esse fundo de corredor
quando se abre a porta...
Só restas tu, cor, num mundo cinza
que se esqueceu que um dia o céu foi azul...
És da cor do que quero.
És flor num mundo estéril...
Sentido e momentos guardados dentro.
Da cor do meu sentimento...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Há momentos


Esconde o momento...
Esconde-o atrás de um sorriso,
ou então, escondido numa gaveta
que ninguém consiga abrir.
Os olhos a esconderem-se
por entre um corpo nu
ou a deliciar-se com um simples pôr de Sol...
Espera que não te encontrem assim,
ferido e fragil,
escondido e sem forças...
Que descubram que afinal já não
és quem dizias ser...
Que afinal o que foi não era para ser.
Ou então que já nem te lembras
daquilo que disseste no outro dia...
E o Sol já se pôs...
Já não há calor que distraia,
nem luz que ofusque...
Faz figas...
Esconde o momento...
Que o não encontrem e to tirem...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um copo de vinho


Hoje o som do dia não se faz ouvir...
Ficou parado no espaço que o separa
da confusão da gente.
Nem o vento que passou pela praia
teve coragem de mostrar onde ia.
Nem a chuva se ouve,
a cair no chão e na janela do carro.
Nem as pessoas que falam na rua
se ouvem umas às outras.
Falam em surdina, para elas, com elas...
Viram costas e saem, cabisbaixas
pela rua abaixo, até desaparecerem
pela bruma que faz o silencio.
Hoje o som do dia, distraído,
nem se lembrou dos pássaros,
que de frio se esconderam de nós...
Hoje está um silencio calmo...
Lembra os dias em que um copo de vinho
faz esquecer tudo.
Lembra os dias em que um copo de vinho
nos faz recordar tudo...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sem sentido


O céu está a chorar...
Há um poiso preferido onde
se podem ver as lágrimas a cair...
Gostava de ser como tu
e ter sempre uma razão para tudo.
Preferia te-la, a esperar
por uma resposta que venha sempre
pelo lado errado a Alma...
Assim, de sempre que visse o céu
a chorar, do poiso preferido,
fazia respostas às minhas perguntas.
E a confusão que se gera
na chuva que é o choro do céu,
perdia-se num mar de respostas sem nexo.
Sem sentido nenhum...
Só como uma nuvem brilhante no céu...
A correr e a estender uma espécie de mão.
Uma mão que chora, sem sentido...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Por aí


Não há sentimento forte...
Levanta-se de mim um pássaro
que foge pela janela aberta...
O frio que se entrelaça pela fresta
da porta de madeira velha,
invade este meu espaço perfeito.
A porta, fechada ao reboliço da rua,
engrandece-se ao meu olhar...
Como que dizendo-me que não...
Os sons da rua já espreitam
pelos raios do Sol...
As gotas do orvalho já adormecem
na erva do jardim...
Estes sons absurdos que teimam em
bater-me ao ouvido, já se entendem melhor...
Ou então é só um murmúrio dos céus...
Talvez um fraco som de esperança.
Talvez um sorriso matinal...
Talvez agora entenda e me dê vontade
de correr...
Por aí...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Momento secreto


Queria um momento secreto...
Que ninguém mo descobrisse.
E fazia dele aquilo que quisesse.
Queria um sentido desperto,
que os olhos me abrisse...
E que de repente me acordasse...
Fiz-me num murmúrio de mar,
calado ao vento norte
que transformou em morte
o sal que a terra sorveu
e ninguém a queria calar...
Desci às entranhas, forte,
descuidei o meu caminhar...
Se ao menos uns visse
por cá ou por lá a passar
quem sabe assim conseguisse,
sem medo, sem raiva ou pesar,
mostrar o momento secreto,
e o que de secreto visse,
deixava de me importar...
porquanto por cá existisse,
sentido que os olhos me abrisse,
para sempre irei amar...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um sentido


Estava a ver-te lá do fundo...
Nem dei conta do tempo que passou.
Descobri que é fantástico
quando nós perdemos a noção
do tempo que passa só porque
nos agrada a companhia...
Estavas por lá, à espera.
E eu queria, juro que sim...
Mas algo me puxava para trás
de sempre que ordenava
aos meus pés que fossem
de encontro aos teus.
E fiquei, a ver-te de longe...
Só queria que o mundo parasse
por um minuto e pudesse,
sei lá como, fazer-te senti-lo,
parado, só por tua causa.
E nesse instante o sentido das coisas
virava-se ao contrario,
e os pássaros deixavam de fazer sentido,
e a chuva, de repente já não
parecia tão parva, de molhar parvos.
E já podia o Sol iluminar-me.
E aí tu olhavas para mim
e já perceberias o meu sorriso...
Aí entenderias o que sinto por ti.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Dizias que sim

Dizias que sim...
Que ganhava ao vento...
Mandavas nos meus medos.
Contavas as gotas da chuva que caía.
Os dedos das mãos gelados...
O vento que doía na cara.
A erva coberta com aquele
orvalho da manhã...
Levantei-me cedo, e depois?
Estou sempre a fazê-lo...
Não sei porquê mas
não gosto de estar na cama
sem sentir o calor do teu peito.
Já não me lembro da ultima
vez que me viste chorar...
Não foi há muito.
Foi longe de ti.
Chorei ao vento do monte.
Contei as gotas da chuva...
não sei se ganhei...
Dizias que sim...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tantas...


Comi palavras ao Mundo...
Voltou-se de mim.
Calou-se e nem pio...
Olhei-o com olhos de quem
está ferido de morte.
Fiz o que tinha a fazer e saí.
Já nem me apetece ficar por aqui...
Comi as palavras ao mundo...
Fugiu deste momento fechado...
Fechei-me na redoma que
pensava minha e perfeita.
Só para me ver a mim, só,
longe de onde queria estar...
Agora?
Agora já não quero!!
Agora estás longe de mim.
Tenho saudades tuas...
Saudades na mente,
nos dias que passam...
Saudades nos dedos,
na língua, na pele...
Tenho saudades tuas...
Tantas...

sábado, 20 de novembro de 2010

...diria...


Nem sei já que dizer...
Nem sei já que pense,
faça, consiga ou não...
Fios de pensamento correm
por mim abaixo.
como gotas de chuva
na janela do carro.
Está a chover.
Tudo molhado lá fora...
Tudo encharcado cá dentro.
Cai uma chuva miudinha,
que me lembra
os dias sozinhos
com Mundo e a chuva.
Esta multidão de silêncios
que ensurdecem o olhar.
Nem sei já o que olhe.
Tudo me parece distante,
sombrio e frio como um fim
de dia de Novembro.
Se não fosse a mente
a pregar partidas,
diria que era feliz...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Desiste...
Leva-me contigo...
Foge, que a noite demora...
O corpo frio por dentro
vomita silêncios em dedos de cristal.
Hoje fujo por ti a dentro.
Perco-me nos teus olhos
e deito-me à luz
dos teus sentidos...
Delicia-me este sabor
a quente que corre
pela boca a baixo e
me levanta a Alma...
Não desistas...
Não agora, que me mostraste
o que é saber de ti.
O meu corpo no teu,
pelo teu sorri,
anseia e deseja...
E a praia,
já ali...
Tão perto.
Desiste.
Tão longe...
Não desistas...
Não de mim...
Não agora.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A correr


Guarda-se o tempo como nada...
Como se nada se estendesse para lá
do que se quer crer.
O relógio conta...
Guarda-se a causa perdida,
por se saber perdida, mas,
sempre a pensar no resto...
O relógio conta...
Olha-se o tempo que passou
e não se olha o tempo que passa.
Perco-me nas memorias que guardo
no meu relógio de cuco,
que insiste em dar as horas
com aquele som parvo e repetido...
Guarda-se o som no meu pensamento.
Eco pelas paredes da sala
vazia e sem vida a não ser eu...
Vazio de nada...
E guardo a nada...
Olho para o relógio que conta e guardo
o tempo que passa...
A correr...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Escuro


Sentido escuro...
Momento eterno.
Força que me força
a ficar imóvel,
sem mexer sequer os olhos
que de ver já não suportam
a luz que emana do buraco...
Escuro...
Sentido fraco
que me impele a cair
no mesmo de sempre,
só porque me apetece
sofrer outra vez...
Momento eterno de fim anunciado
e sem nexo, nem contexto...
Força que me tomba no frio,
molhado, chão de pedra dura
que me agrada e magoa ao mesmo tempo.
E continua...
Sempre sem parar...
Que merda...
Que bom.

domingo, 31 de outubro de 2010

Espero


Já chegava, esse cheiro a saudade...
Castrado pela indiferença e silencio
que se fazem grandes na parede do quarto.
Já faltava o murmúrio de uma confusão
que se assoma à janela para ver o que criou.
Ao longe fogem as ideias que foram um dia
algo que se quis crer, algo que se quis querer...
Já chegava esse cheiro a novo...
Cheiro a papel celofane que se rasgou
de um presente se calhar envenenado...
Cheiro a chuva que bate forte na janela do carro.
E ao longe ouvem-se em surdina os trovões,
depois, muito depois do raio que se viu cair.
Já me saravas a ferida que sangra sem parar,
e me faz ficar aqui ao frio do inverno,
à espera de um dia de Sol que não chega...
À espera que pare a chuva...
À espera de um momento que me encha o peito
e me alegre a espera de um pouco de ti...
Já chegavas, tu...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sonho


Um copo vazio na beira da cama...
Cortinas que dançam ao vento matinal
e abrem de vez em quando o mundo lá fora.
A maré cheia traz um aroma bonito a mar...
As mãos alcançam o outro lado da cama.
Desfazem-se num toque suave de mel
e fundem-se na pele molhada e quente.
Um copo vazio à beira da cama...
Um pouco de agua no chão.
Um pouco de luz que se reflecte
e encandeia os olhos ainda
acostumados com a escuridão
de um sonho de que se saiu...
Um corpo estranho deste lado...
Um estranho sentido, proibido.
Cortinas que mostram o dia lá fora,
ou escondem o medo de sentir.
O medo de ver o que nos dá o outro lado.
O medo de partir o copo, à beira da cama,
e adormecer de novo no sonho...

domingo, 17 de outubro de 2010

Acontece...


Não sei que pensar...
Nem sei que escrever...
Não sei se mereço.
Se vale a pena querer.
Não sei se estou bem...
por me sentir viver.
Não sei se menti,
nem, tão pouco sei,
se de tanto correr
me perdi de ti...
As coisas que passam,
que deixam as marcas,
são coisas que gostas,
malucas, macabras
da vida que queremos,
que pomos às costas...
E sem o saber,
ou tão pouco o querer,
deixamos as coisas ser,
brilhar e acontecer...
E quando olhamos,
quando reparamos,
e vemos que tudo é
surgir e aparecer,
fechamos os olhos,
fugimos aos molhos,
corremos a esconder...
De tudo e de todos
o nosso receio,
com sonho e anseio
sempre à espera
do melhor acontecer...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mel


Mel...
Melodia cantada por
vozes que me toldam a razão...
Dedos que tocam a pele, nua de ti...
De mim...
Mel...
Doce aroma dos sentidos
que leva à perdição
a Alma que dele aspira
um ar venenoso, inebriante...
Mel...
Fica-te assim nos braços
e na saudade de uma
tarde de verão,
à sombra...
À espera...
Levo-te à minha boca
e perco-me nesse ardor
de luzes e paladares
que me confundem o norte
e as pernas, que tremem
ao ouvir a minha mente gritar...
Mel...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sem querer


Há um certo ar de inverno bom
neste fim de tarde cinza ...
As paredes do meu quarto mandam-me lá fora.
Dentro das janelas, agora fechadas
ao rebuliço da rua, poisa uma espécie
de frio, gelado que ao mesmo tempo
aconchegaste...
De repente, perdido neste
meio de estrada...
Vão de escada...
Já não há arraiais de Agosto.
Nem o canto dos pardais
logo pela manhã...
Saio do meu canto...
Desço a rua molhada de gotas
gélidas de um aguaceiro sorrateiro
que se deitou, cidade fora,
e esboço um sorriso...
É cinza, como dia tímido
que agora me foge.
E frio como o inverno
que aí vem...
É bom como a alegria gelada
de te recordar...
Sem querer...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dei-te a mão


Já me cheira a chuva e a pensamento...
Já me alcançou o frio do quarto pela noite.
Despertei à luz de um Sol esquisito
que me abrandou o passo e
me fez perder o autocarro
e a agua que molhou a calçada
logo pela manhã...
Já me cheira a chuva e a pensamento...
Já cá está de novo o sentimento
invejoso que quer ser dono do meu dia.
Já me prendem, os ditos engarrafamentos
mentais que estrangulam a alma
e a metem num sitio escuro
longe dos encantos de uma
madrugada inesquecível...
Já cá faltavas tu...
Era mesmo disso que precisava,
logo agora que me levanto
para um dia de trabalho
no Mundo dito normal...
Achei-te por aí,
estendida no chão à mercê
do que viesse...
Olhei em volta e decidi
chegar primeiro...
Dei-te a mão.
Não a largo mais...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hoje


Só por hoje
deixa-me pousar a cabeça
neste quarto vazio...
Nem vejo já as sobras que chegam.
Levaste na noite o meu olhar
e fiquei vazio de tudo.
Só por hoje
deixa-me sentir o teu perfume
só mais uma vez...
Sei que já fomos
o que fomos e foi bom...
Fomos a pele e o porto de abrigo
dos ventos um do outro .
A cama vazia gela ao
tempo que passa...
Sei de cor o teu corpo
e sinto os meu dedos
nos teus fechados...
Sinto o respirar
no meu canto do olhar.
Só por hoje
deixa-me ter-te dentro de mim
a mostrar esse dom de sorrir.
Hoje... Só hoje,
leva-me por onde vais...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vem...


Hoje perdi-me num pensamento...
Fiquei por lá a ver o que me mostrava
e a gostar do que via...
Perdi-me no mar azul celeste de um riso,
de um esvoaçar de cabelos ao vento,
de um olhar que aquece até o mais frio
dos momentos de inverno...
Hoje deixei-me levar pelo que a minha
mente criou para mim...
E neste carrocel de alegrias,
mostrou-me que um pensamento
também pode ser verdadeiro...
Se assim o quisermos.
Hoje fiquei a leste do meu dia,
que passou a correr por mim
e nem sequer parou para me dar um ola.
Nem sequer me deste um ola...
Espero por ti...
Vou esperar o que for preciso
porque acho que esse riso azul
como o mar celeste,
e esses cabelos que o vento faz bailar,
e esse olhar que aquece
o lado esquerdo da minha Alma,
Te merecem...
Me merecem...
Espero por ti.
Vem...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mundo perfeito


Há-de haver por aqui
pedaços de um Mundo perfeito.
Hão de estar em ti...
Ou perdidos no passado
que partilhámos...
Se calhar, guarda-los contigo.
É estranho não os teres
à mão de semear...
Fugiste dos medos
e dos monstros do
armário cheio,
que te acordaram do sono...
Correste a esconder-te
deles em mim...
Segurei a tua mão com a força
de quem te não queria perder...
Há-de haver por aí pedaços de nós...
Há-de have-los em mim, se calhar...
Estranho estar a pensar no sonho que tive
em que me olhavas com olhos
de quem ama de verdade...
Sinto ainda esses olhos
que estão gravados na minha mente...
E eles, aqui...
Estranho...
Parecem-me
os pedaços de um Mundo perfeito...