sexta-feira, 23 de abril de 2010

Talvez


Talvez seja por te perder.
Talvez seja só um murmúrio ao fundo do dia.
Talvez o tempo pense em parar um pouco
e amparar a queda...
Talvez não olhes para trás
e sigas o teu caminho sem
pensar sequer no que aqui deixaste.
Talvez seja só uma memoria distante,
tão distante que já nem te faça recordar.
Talvez a chuva lave a rua onde
passos dados pelas gentes
ficaram, perdidos nas pedras.
E já nada haja senão um
ténue recordar do calor que já vivi...
Ou então talvez seja só a minha imaginação
a brincar comigo e fazer-me pensar
que tudo isto tem de fazer sentido.
Estás cansado... Vai dormir!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Fica aqui


Livro de mil paginas...
Fugaz momento em que
se perde todo o tempo do mundo.
Letras que brotam das paginas mil,
e seguem a amontoar-se
num murmurinho de complicados
e esquisitos...
Olhos que mal vêem e nada lêem
longe de algum dia entender
o significado de um suspiro.
Vento que passa,
perdido nas paginas,
mil, de um livro
e finge lê-lo de fio a pavio.
Vai-se embora o vento...
Foi-se embora o tempo...
Foi-se embora o lógico...
Só resta o tormento da incerteza
que pula de dentro para fora
numa ânsia eterna de se soltar.
De sair para o vazio e enche-lo
de raiva e vingança...
Fica aqui.
Não saias ainda.
Não já...
Espera um pouco...
Deixa o Sol sair de mansinho
e quando a luz já não for mais
que uma leve recordação no fundo dos olhos...
Quando as plantas se curvarem
ao inicio da noite escura.
Quando se fecharem os olhos,
cansados deste dia,
então dá asas a essa vontade
e invade esse vazio...
de Ti.

domingo, 11 de abril de 2010

Um beijo...


Eras tu...
Sei que sim, mas nada vi.
Nada fiz para o merecer.
E depois vêem-me com a conversa
de que o que foi, foi porque tinha de ser...
Não quero saber disso para nada!
O importante é que eras tu,
se calhar e eu nada fiz, nada vi...
Assim, passou, o momento...
Passou a hora e tu saíste.
Foste para longe de mim, nem sei para onde
e agora estou aqui e olho para trás e fito a minha inercia,
inaptidão de no momento certo ter feito o certo que era fazê-lo...
E de certo tinha corrido diferente, melhor se calhar...
Nunca saberei agora.
A não ser que o teu olhar volte a cruzar o meu.
Aí, se calhar faço o mesmo, ou então vou a ti
e do nada roubo-te um sorriso...
Um beijo desconhecido.

domingo, 4 de abril de 2010

Mentira


A cabeça está vazia.
Tento chegar ao que lá tenho.
Diz-me que está vazia...
Nem lhe acredito as palavras.
Sei bem que me engana, a estúpida...
Mas mente na mesma.
E deve pensar por lá que,
só porque é dona das minhas ideias
se pode por assim a enganar-me...
E depois manda com coisas
diferentes para me baralhar.
E mente... Diz que não tem nada.
E diz-me que está vazia...
Vazia és tu cabeça.
Tu, que nem consegues
enganar os outros quanto mais a mim.
Os outros é que me enganam
e mentem... e passa
sem que o saiba...
E não penses tu que os podes imitar...
Bem podes tentar,
mas no dia em que deites abaixo a tua torre,
lembra-te que vais lá estar dentro.
E quando cair, cais com ela...
No murmúrio da mentira...