domingo, 19 de dezembro de 2010

Sem sentido


O céu está a chorar...
Há um poiso preferido onde
se podem ver as lágrimas a cair...
Gostava de ser como tu
e ter sempre uma razão para tudo.
Preferia te-la, a esperar
por uma resposta que venha sempre
pelo lado errado a Alma...
Assim, de sempre que visse o céu
a chorar, do poiso preferido,
fazia respostas às minhas perguntas.
E a confusão que se gera
na chuva que é o choro do céu,
perdia-se num mar de respostas sem nexo.
Sem sentido nenhum...
Só como uma nuvem brilhante no céu...
A correr e a estender uma espécie de mão.
Uma mão que chora, sem sentido...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Por aí


Não há sentimento forte...
Levanta-se de mim um pássaro
que foge pela janela aberta...
O frio que se entrelaça pela fresta
da porta de madeira velha,
invade este meu espaço perfeito.
A porta, fechada ao reboliço da rua,
engrandece-se ao meu olhar...
Como que dizendo-me que não...
Os sons da rua já espreitam
pelos raios do Sol...
As gotas do orvalho já adormecem
na erva do jardim...
Estes sons absurdos que teimam em
bater-me ao ouvido, já se entendem melhor...
Ou então é só um murmúrio dos céus...
Talvez um fraco som de esperança.
Talvez um sorriso matinal...
Talvez agora entenda e me dê vontade
de correr...
Por aí...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Momento secreto


Queria um momento secreto...
Que ninguém mo descobrisse.
E fazia dele aquilo que quisesse.
Queria um sentido desperto,
que os olhos me abrisse...
E que de repente me acordasse...
Fiz-me num murmúrio de mar,
calado ao vento norte
que transformou em morte
o sal que a terra sorveu
e ninguém a queria calar...
Desci às entranhas, forte,
descuidei o meu caminhar...
Se ao menos uns visse
por cá ou por lá a passar
quem sabe assim conseguisse,
sem medo, sem raiva ou pesar,
mostrar o momento secreto,
e o que de secreto visse,
deixava de me importar...
porquanto por cá existisse,
sentido que os olhos me abrisse,
para sempre irei amar...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um sentido


Estava a ver-te lá do fundo...
Nem dei conta do tempo que passou.
Descobri que é fantástico
quando nós perdemos a noção
do tempo que passa só porque
nos agrada a companhia...
Estavas por lá, à espera.
E eu queria, juro que sim...
Mas algo me puxava para trás
de sempre que ordenava
aos meus pés que fossem
de encontro aos teus.
E fiquei, a ver-te de longe...
Só queria que o mundo parasse
por um minuto e pudesse,
sei lá como, fazer-te senti-lo,
parado, só por tua causa.
E nesse instante o sentido das coisas
virava-se ao contrario,
e os pássaros deixavam de fazer sentido,
e a chuva, de repente já não
parecia tão parva, de molhar parvos.
E já podia o Sol iluminar-me.
E aí tu olhavas para mim
e já perceberias o meu sorriso...
Aí entenderias o que sinto por ti.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Dizias que sim

Dizias que sim...
Que ganhava ao vento...
Mandavas nos meus medos.
Contavas as gotas da chuva que caía.
Os dedos das mãos gelados...
O vento que doía na cara.
A erva coberta com aquele
orvalho da manhã...
Levantei-me cedo, e depois?
Estou sempre a fazê-lo...
Não sei porquê mas
não gosto de estar na cama
sem sentir o calor do teu peito.
Já não me lembro da ultima
vez que me viste chorar...
Não foi há muito.
Foi longe de ti.
Chorei ao vento do monte.
Contei as gotas da chuva...
não sei se ganhei...
Dizias que sim...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tantas...


Comi palavras ao Mundo...
Voltou-se de mim.
Calou-se e nem pio...
Olhei-o com olhos de quem
está ferido de morte.
Fiz o que tinha a fazer e saí.
Já nem me apetece ficar por aqui...
Comi as palavras ao mundo...
Fugiu deste momento fechado...
Fechei-me na redoma que
pensava minha e perfeita.
Só para me ver a mim, só,
longe de onde queria estar...
Agora?
Agora já não quero!!
Agora estás longe de mim.
Tenho saudades tuas...
Saudades na mente,
nos dias que passam...
Saudades nos dedos,
na língua, na pele...
Tenho saudades tuas...
Tantas...

sábado, 20 de novembro de 2010

...diria...


Nem sei já que dizer...
Nem sei já que pense,
faça, consiga ou não...
Fios de pensamento correm
por mim abaixo.
como gotas de chuva
na janela do carro.
Está a chover.
Tudo molhado lá fora...
Tudo encharcado cá dentro.
Cai uma chuva miudinha,
que me lembra
os dias sozinhos
com Mundo e a chuva.
Esta multidão de silêncios
que ensurdecem o olhar.
Nem sei já o que olhe.
Tudo me parece distante,
sombrio e frio como um fim
de dia de Novembro.
Se não fosse a mente
a pregar partidas,
diria que era feliz...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Desiste...
Leva-me contigo...
Foge, que a noite demora...
O corpo frio por dentro
vomita silêncios em dedos de cristal.
Hoje fujo por ti a dentro.
Perco-me nos teus olhos
e deito-me à luz
dos teus sentidos...
Delicia-me este sabor
a quente que corre
pela boca a baixo e
me levanta a Alma...
Não desistas...
Não agora, que me mostraste
o que é saber de ti.
O meu corpo no teu,
pelo teu sorri,
anseia e deseja...
E a praia,
já ali...
Tão perto.
Desiste.
Tão longe...
Não desistas...
Não de mim...
Não agora.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A correr


Guarda-se o tempo como nada...
Como se nada se estendesse para lá
do que se quer crer.
O relógio conta...
Guarda-se a causa perdida,
por se saber perdida, mas,
sempre a pensar no resto...
O relógio conta...
Olha-se o tempo que passou
e não se olha o tempo que passa.
Perco-me nas memorias que guardo
no meu relógio de cuco,
que insiste em dar as horas
com aquele som parvo e repetido...
Guarda-se o som no meu pensamento.
Eco pelas paredes da sala
vazia e sem vida a não ser eu...
Vazio de nada...
E guardo a nada...
Olho para o relógio que conta e guardo
o tempo que passa...
A correr...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Escuro


Sentido escuro...
Momento eterno.
Força que me força
a ficar imóvel,
sem mexer sequer os olhos
que de ver já não suportam
a luz que emana do buraco...
Escuro...
Sentido fraco
que me impele a cair
no mesmo de sempre,
só porque me apetece
sofrer outra vez...
Momento eterno de fim anunciado
e sem nexo, nem contexto...
Força que me tomba no frio,
molhado, chão de pedra dura
que me agrada e magoa ao mesmo tempo.
E continua...
Sempre sem parar...
Que merda...
Que bom.

domingo, 31 de outubro de 2010

Espero


Já chegava, esse cheiro a saudade...
Castrado pela indiferença e silencio
que se fazem grandes na parede do quarto.
Já faltava o murmúrio de uma confusão
que se assoma à janela para ver o que criou.
Ao longe fogem as ideias que foram um dia
algo que se quis crer, algo que se quis querer...
Já chegava esse cheiro a novo...
Cheiro a papel celofane que se rasgou
de um presente se calhar envenenado...
Cheiro a chuva que bate forte na janela do carro.
E ao longe ouvem-se em surdina os trovões,
depois, muito depois do raio que se viu cair.
Já me saravas a ferida que sangra sem parar,
e me faz ficar aqui ao frio do inverno,
à espera de um dia de Sol que não chega...
À espera que pare a chuva...
À espera de um momento que me encha o peito
e me alegre a espera de um pouco de ti...
Já chegavas, tu...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sonho


Um copo vazio na beira da cama...
Cortinas que dançam ao vento matinal
e abrem de vez em quando o mundo lá fora.
A maré cheia traz um aroma bonito a mar...
As mãos alcançam o outro lado da cama.
Desfazem-se num toque suave de mel
e fundem-se na pele molhada e quente.
Um copo vazio à beira da cama...
Um pouco de agua no chão.
Um pouco de luz que se reflecte
e encandeia os olhos ainda
acostumados com a escuridão
de um sonho de que se saiu...
Um corpo estranho deste lado...
Um estranho sentido, proibido.
Cortinas que mostram o dia lá fora,
ou escondem o medo de sentir.
O medo de ver o que nos dá o outro lado.
O medo de partir o copo, à beira da cama,
e adormecer de novo no sonho...

domingo, 17 de outubro de 2010

Acontece...


Não sei que pensar...
Nem sei que escrever...
Não sei se mereço.
Se vale a pena querer.
Não sei se estou bem...
por me sentir viver.
Não sei se menti,
nem, tão pouco sei,
se de tanto correr
me perdi de ti...
As coisas que passam,
que deixam as marcas,
são coisas que gostas,
malucas, macabras
da vida que queremos,
que pomos às costas...
E sem o saber,
ou tão pouco o querer,
deixamos as coisas ser,
brilhar e acontecer...
E quando olhamos,
quando reparamos,
e vemos que tudo é
surgir e aparecer,
fechamos os olhos,
fugimos aos molhos,
corremos a esconder...
De tudo e de todos
o nosso receio,
com sonho e anseio
sempre à espera
do melhor acontecer...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mel


Mel...
Melodia cantada por
vozes que me toldam a razão...
Dedos que tocam a pele, nua de ti...
De mim...
Mel...
Doce aroma dos sentidos
que leva à perdição
a Alma que dele aspira
um ar venenoso, inebriante...
Mel...
Fica-te assim nos braços
e na saudade de uma
tarde de verão,
à sombra...
À espera...
Levo-te à minha boca
e perco-me nesse ardor
de luzes e paladares
que me confundem o norte
e as pernas, que tremem
ao ouvir a minha mente gritar...
Mel...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sem querer


Há um certo ar de inverno bom
neste fim de tarde cinza ...
As paredes do meu quarto mandam-me lá fora.
Dentro das janelas, agora fechadas
ao rebuliço da rua, poisa uma espécie
de frio, gelado que ao mesmo tempo
aconchegaste...
De repente, perdido neste
meio de estrada...
Vão de escada...
Já não há arraiais de Agosto.
Nem o canto dos pardais
logo pela manhã...
Saio do meu canto...
Desço a rua molhada de gotas
gélidas de um aguaceiro sorrateiro
que se deitou, cidade fora,
e esboço um sorriso...
É cinza, como dia tímido
que agora me foge.
E frio como o inverno
que aí vem...
É bom como a alegria gelada
de te recordar...
Sem querer...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dei-te a mão


Já me cheira a chuva e a pensamento...
Já me alcançou o frio do quarto pela noite.
Despertei à luz de um Sol esquisito
que me abrandou o passo e
me fez perder o autocarro
e a agua que molhou a calçada
logo pela manhã...
Já me cheira a chuva e a pensamento...
Já cá está de novo o sentimento
invejoso que quer ser dono do meu dia.
Já me prendem, os ditos engarrafamentos
mentais que estrangulam a alma
e a metem num sitio escuro
longe dos encantos de uma
madrugada inesquecível...
Já cá faltavas tu...
Era mesmo disso que precisava,
logo agora que me levanto
para um dia de trabalho
no Mundo dito normal...
Achei-te por aí,
estendida no chão à mercê
do que viesse...
Olhei em volta e decidi
chegar primeiro...
Dei-te a mão.
Não a largo mais...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hoje


Só por hoje
deixa-me pousar a cabeça
neste quarto vazio...
Nem vejo já as sobras que chegam.
Levaste na noite o meu olhar
e fiquei vazio de tudo.
Só por hoje
deixa-me sentir o teu perfume
só mais uma vez...
Sei que já fomos
o que fomos e foi bom...
Fomos a pele e o porto de abrigo
dos ventos um do outro .
A cama vazia gela ao
tempo que passa...
Sei de cor o teu corpo
e sinto os meu dedos
nos teus fechados...
Sinto o respirar
no meu canto do olhar.
Só por hoje
deixa-me ter-te dentro de mim
a mostrar esse dom de sorrir.
Hoje... Só hoje,
leva-me por onde vais...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vem...


Hoje perdi-me num pensamento...
Fiquei por lá a ver o que me mostrava
e a gostar do que via...
Perdi-me no mar azul celeste de um riso,
de um esvoaçar de cabelos ao vento,
de um olhar que aquece até o mais frio
dos momentos de inverno...
Hoje deixei-me levar pelo que a minha
mente criou para mim...
E neste carrocel de alegrias,
mostrou-me que um pensamento
também pode ser verdadeiro...
Se assim o quisermos.
Hoje fiquei a leste do meu dia,
que passou a correr por mim
e nem sequer parou para me dar um ola.
Nem sequer me deste um ola...
Espero por ti...
Vou esperar o que for preciso
porque acho que esse riso azul
como o mar celeste,
e esses cabelos que o vento faz bailar,
e esse olhar que aquece
o lado esquerdo da minha Alma,
Te merecem...
Me merecem...
Espero por ti.
Vem...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mundo perfeito


Há-de haver por aqui
pedaços de um Mundo perfeito.
Hão de estar em ti...
Ou perdidos no passado
que partilhámos...
Se calhar, guarda-los contigo.
É estranho não os teres
à mão de semear...
Fugiste dos medos
e dos monstros do
armário cheio,
que te acordaram do sono...
Correste a esconder-te
deles em mim...
Segurei a tua mão com a força
de quem te não queria perder...
Há-de haver por aí pedaços de nós...
Há-de have-los em mim, se calhar...
Estranho estar a pensar no sonho que tive
em que me olhavas com olhos
de quem ama de verdade...
Sinto ainda esses olhos
que estão gravados na minha mente...
E eles, aqui...
Estranho...
Parecem-me
os pedaços de um Mundo perfeito...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Escuro

No escuro as coisas são mais vagas...
Foge-nos o racional...
Descobre-se que afinal as coisas
que julgamos ao nosso alcance,
estão na verdade a este bocadinho assim
de distancia, e era só esse bocadinho assim,
que faltava para se acender a luz.
No escuro as ideias turvam-se
de incerteza e desdém.
No escuro está-se bem...
Desde que bem quieto e escondido,
à espera que passem os monstros que
atormentam no quarto desde o armário.
No escuro vemos todos os nossos medos
e temos medo de os não ver...
No escuro não há nada, mas.
não sei bem porquê, insistimos em pôr
no escuro tudo aquilo que nos aflige...
Se calhar porque o não conseguimos ver
quando a luz inunda o nosso mundo
e nos faz ver o que realmente existe.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Guardo aqui...


Guardo comigo um pedaço de mar...
Fugi de repente de um fim anunciado
e pus à prova o destino
que traçaram para mim...
Tenho comigo um desatino que
insiste em fugir para baixo da cama
e esconder-se de quem o procure.
Conheço um sitio onde um sorriso
vale mais que mil palavras
e onde sei que me faz bem
sentar e olhar à volta...
Guardo comigo um pedaço de céu
que com o mar que tirei do bolso,
se junta e forma aquele fim
de tarde, onde esse Sorriso
que me agarrou a ti,
mergulha numa imensidão
de azul e cores bonitas...
Faz-me lembrar amor...
Faz-me sentir calor...
Guardo-o aqui,
neste cantinho especial...
Só para ti...
Que saudades...
Sabe bem ter saudades...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Cá dentro

Não há imagens...
Está escuro aqui.
Ainda agora aqui estavas...
Ainda agora pude falar contigo...
Não atendi porque
não me apetecia falar...
Não me apetecia ouvir-te e
no entanto apetecia-me
ter-te aqui, comigo.
Estranho este querer e não querer...
Estranho não ter aqui imagens que o expliquem...
Estranho não fazer sentido o que se diz
ou sequer, pensa...
Estúpido sentimento que baralha as ideias.
O mundo vomita sons que nem entendo.
À minha volta as coisas não estão aqui.
O ar da noite beija a janela
e a rua começa a perder as cores.
Ainda agora aqui estavas
e a rua era luz
e Eu contigo, feliz...
Agora não há imagens
para lá das que guardo comigo.
E as que guardo são minhas,
e essas, para mim,
são eternas,
cá dentro...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cheiro de verão


Silencio na sala...
Desliguei a televisão...
Só se ouve o uivar do vento lá fora
a recordar que as noites de verão também
podem ser frias e agrestes.
A névoa envolve a rua e empresta-lhe
um ar medonho e estéril...
Não vejo ninguém...
Nada se mostra neste pormenor nocturno
em que mergulha o mundo.
Só o vento, que se entretém a desarrumar
as folhas do chão e brincar com elas
pelo ar fora...
Desliguei a televisão...
Há silencio na sala...
E na rua,
só o vento insiste em recordar-me
que afinal o resto do mundo está cá.
Está apenas escondido, com medo da noite...
Que já perdeu o cheiro do verão....

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fala



Nem sei bem o que pôr aqui...
Nem como o escrever...
São coisas não se explicam...
Não me explicam...
Devo ser burro, ou então
não percebo as pessoas...
Ou são elas que não me percebem a mim.
Creio, e assim fui ensinado,
que as coisas se resolvem com
conversa, dialogo ou algo
que se entenda pelas duas partes.
Acho injusto alguém atacar alguém
só porque sabe que isso magoa.
Acho injusto que um sentimento
bonito mude de sentido
só porque não se percebe
ou não se compreende...
Acredito que há sempre uma
razão para as coisas acontecerem.
O problema maior é pensar que
os outros têm de ser como nós...
Somos diferentes e o diálogo
faz com que possamos entender
e compreender essa diferença.
Fala...
Entende o porquê das coisas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Só tu


Só tu...
E Eu aqui...
Só um desligar turvo do mundo...
Só uma pausa no café a ferver...
Só alguém a tocar guitarra...
E Eu oiço...
Só o som distraído do mar a beijar a areia...
Só o movimento solitário de uma Lua presa no céu...
Só a noite a tentar engolir as luzes da cidade...
E Eu.. aqui...
Só um dia que passou, mais um... ou menos...
Só uma pitada de alegria que circula no vazio...
Só um escutar surdo de algo que foi...
E Eu tranquilo... aqui...
Só uma pitada de sal...
Só alguém perdido no tempo
Só mais um pouco por favor...
E Eu olho-te...
Só um beijo com sabor a mar...
Só um pensamento quente...
Só uma caricia, um mimo...
E Eu sorrio...
Só tu...

domingo, 22 de agosto de 2010

Placcard




Hoje vim aqui, porque queria
sentir um pouco de calor...
Vim aqui porque queria que
não me dissessem sempre
que a vida segue rumos
diferentes e que as pessoas se
distraem dela e descarrilam...
Hoje vim aqui porque tinha
algo para dizer...
Algo que fosse de monta,
ou que se pudesse
por num placcard
para toda a gente ver...
Hoje vim aqui porque
cheirava a sardinha assada
e me lembrei dos santos,
e nós a descermos pelas ruas de Alfama
ao som da alegria e da festa.
Hoje vim aqui para dizer
e fazer ver que até nem
é exactamente por isso
que tenho de o fazer.
Hoje até posso não ter cá
ninguém para me ouvir,
ou até ninguém que o entenda,
mas vim aqui,
porque quis...
Só para o dizer...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Histería


Ainda agora estive aqui.
Ainda agora senti o que já há
muito não me corria nas veias.
E assim sem mais nem menos
fez-me tremer de excitação.
Ainda agora tremi...
E o sentido deste sentimento
era contrario...
Que nem o vento, quando queremos
fechar a porta, com a janela aberta.
Ainda agora estavas aqui...
E Eu aqui, também, a sentir
que aqui estavas...
E foi bom senti-lo outra vez.
Sentir-te mais uma vez e
mais uma vez sentir que
o sentimento não faz sentido.
E ainda agora tudo parecia
paralelo e rectilíneo, e,
de repente, parece
que o vento fez escaqueirar
a porta e a janela se abriu,
e ele entrou, chão adentro e
levantou e rodopiou
os cortinados e o tapete.
Ainda agora estava aqui
tudo calmo e já já,
está tudo virado do avesso,
na alegria histérica
da teoria do caos...
Ainda agora aqui estive,
só que agora quero cá ficar...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Não é nada


Já te disse mil vezes...
Não é nada.
Já to disse sem que me ouvisses.
Já to fiz ver sem que desses atenção ao
lugar para onde te aponto o dedo.
Fartinho de te resgatar a toda a hora
dos refúgios onde te metes
e depois não consegues sair.
Agora digo-to mais uma vez...
Ultima quem sabe,
não é nada...
Já me disseste tu mil vezes...
Não é nada, nunca é nada
mas às vezes, quase sempre,
é tudo e mais alguma coisa.
E, vá-se lá saber porquê, insistes em pensar
que a minha cabeça é como a tua,
que descubro sempre tudo
e que percebo nas entrelinhas.
Nem todos são como tu, meu amor.
Nem todos têm esse olhar ao mundo.
Há quem seja cabeça no ar
e nem sequer se importe em ser assim.
Como as fotos que se tiram sem nexo..
Não são nada, mas às vezes
dizem tudo...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Espera


Deserto por te ter aqui comigo...
Nem consigo respirar o ar que me rodeia.
Anseio pela hora a que chegue
o primeiro comboio, e o som
das carruagens a entrar pela estação,
me encha os ouvidos de lágrimas
de alegria e êxtase...
Já nem me consigo manter de pé...
Vou sentar-me no cadeirão que jaz
em frente à porta de ferro e de lá
espero alcançar o teu rosto,
assim que desças das escadas
e o teu olhar cruze o meu...
Deserto por te ter aqui comigo...
e a hora que não passa...
Não chega...
Não chegas...
A alegria sai de mansinho
e deixa-me aqui,
sentado no cadeirão
à tua espera.
Não se ouve o ronco do metal pelos carris...
Não se vê a nuvem de fumo ao longe...
Não te vejo nem a ti...
Só ao deserto que estou por estar contigo.
E à hora que teima em nunca chegar...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Encravado


Um dia vou por aí e brado
aos quatro ventos
tudo o que está encravado
na minha garganta
e teima em não sair daqui...
Um dia espero-te à porta do trabalho
e assim que te veja,
vai começar a chover,
e depois sorrio, para
te mostrar que a culpa,
desta vez é minha...
Um dia apanho o primeiro
avião que possa e desapareço
para onde ninguém me fira a Alma.
Um dia visto um manto
de luz negra e deixo de ser visto
para o Mundo hipócrita...
Um dia deixo-me destas
ladainhas e começo
finalmente a viver,
a viver a vida que escolhi.
Um dia ganho coragem
para te pôr de vez
no lugar da mente
onde mereces estar...
Queres saber?
Eu digo-te...
Um dia...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Flagelo 2010


O vento já mudou...
Agora sopra de encontro a mim...
Traz-me um odor a queimado
e quando olho para o horizonte,
tudo o que vejo é névoa...
Cinza e ocre que cobrem este céu
que devia ser de azul...
O vento mudou...
Haverá algum dia alguém
que ponha a mão nesta
gente de brandos costumes
que de brando já pouco tem
ou nada...
Ponham a mão no vosso país,
que definha de ano para ano
sem que ninguém se dê ao
trabalho de acordar
e de ver que está a
desaparecer o que de mais
belo temos... ainda.
O vento mudou...
Pode ser que traga consigo
a consciência das pessoas,
e que as faça pensar que sim,
que todos podemos fazer algo...
Façam algo...
O pouco que seja ajuda.
Convençam-se disso...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Luz do dia


É o ultimo resto de dia.
Prendem-se ainda alguns raios do Sol
num céu agora a perder as cores.
O farol do cabo começa o seu
bailado nocturno
e despeja pela paisagem
ténues momentos de luz...
Sentado a contemplar o mar,
sem sequer se aperceber que começa
pouco a pouco a chuviscar,
um ser pensativo mergulha o seu dia
naquele imenso azul escuro.
Como se estivesse a esconde-lo de si mesmo,
ou então a desfazer-se de algo que já não
lhe pertence mais...
Esvoaçam aqui e ali os pardais mais astutos
em busca de algo mais que lhes encha o bucho
antes que se vá a luz do dia...
Breves momentos que se tornam
para "sempre", quando se está assim...
E a chuva que começa a Beijar suavemente
a parte de baixo do mundo, sem que se note,
vai molhando, devagarinho...
E o farol continua...
Parece imortal com o seu raio de luz.
Inunda a paisagem com memorias
do dia, quando a noite é já rainha
de tudo à sua volta...
E o ser lá está,
sentado, imóvel,
como que longe desta realidade.
Como que esperando que o dia
mergulhado nesse azul escuro à sua frente,
não saia de onde está e se perca para sempre...
E sempre...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não consigo ver daqui


Olho a janela sem ter onde olhar...
Os carros passam, lá em baixo...
Ouve-se ao fundo o som do ribeiro,
ou se calhar é a chuva...
É escuro, não sei...
Estou partido e faminto por ti,
e não me apetece fazer jantar...
Nem sair, nem fazer nada.
Só ficar aqui... à janela...
A pensar no que se esvai
da mente sem que queiramos.
Já vinhas, sono, roubar-me a mente
da beira da janela onde olha os carros
que passam, lá em baixo...
Já vinhas tu agarrar o meu olhar
e com um sorriso, derrubar
o muro que todos os dias
me prende deste lado da Alma...
É escuro, não sei...
Não consigo ver daqui.
Dá-me um pouco de luz...
Ou então dá-me sono e deixa-me ir dormir...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Procurei sozinho


Precisei de ti...
Procurei-te pelos cantos da mente
e pelos sentidos do vento a fora...
Revolvi os papeis que deixei em cima da mesa.
Mas não te vi...
Em lado nenhum estavas quando,
logo quando, precisei de ti...
Saí pela rua fora com a boca e a Alma,
bradei aos céus que me dissessem onde estavas...
Mas não me disseram...
Só mandaram chuva e desatino.
Ventos e confusões logo agora,
que precisei de ti...
Caminhei pela estrada negra
sem eira nem destino
em busca do sabor da tua pele...
Queria um fugaz momento,
pouco que fosse, ou muito.
Mas não te encontrei...
Fiz-me assim à procura
de ti, do teu amor...
Procurei sozinho...
E nada...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amanhã


As coisas hoje estão cinzentas...
Nem a cidade responde às pessoas...
Nem os pássaros se dignam a falar.
Tudo se envolve de um ar pardacento
estúpido e adormecido...
Nem as pessoas se sentam e pensam.
Não vejo ninguém sorrir...
Nem os passos que dão são verdadeiros.
Hoje tudo parece parado no tempo.
Como aqueles postais da cidade antigos.
Parece que tudo se estatelou no monótono.
No tempo em que se não entendiam as coisas,
mais compreensiveis...
E até parece que o mundo deixou de se compreender
e tudo parece não fazer sentido...
E eu pareço complicado, com estas ideias...
Idiotas...
E nem o céu se digna a mostrar o seu azul...
Parece que
Hoje tudo precisa de amanhã...
Se calhar amanhã já passou...
Já se vê...



Sonho

O dia vomita os primeiros raios de luz...
À minha volta, um ar de cinza
e névoa envolve a praça e os bancos
ainda frios ao toque frágil
de uma mão cheia de nada...
Nada se move neste pormenor matutino...
Ao longe, onde me não alcança a vista,
estala o ribombar surdo de metal
a sulcar os carris do empedrado...
Bem de mansinho começa a desenhar-se
a silhueta do primeiro 28 da manhã...
Desce lento pela rua deserta...
Um laivo de amarelo que
se prontifica a pintar
a manhã fria da cidade...
É Domingo, e hoje queria passear
de mão dada contigo...
Queria ter-te ao meu lado.
Podermos descer eletrico
abaixo pela rua, invejosa
da nossa alegria...
Queria-te a subir o eletrico...
Chega à paragem ao de leve...
Entram os primeiros passageiros
e de repente a névoa foge-me
num corro pio de vento...
A Alma regressa em forma de sons
ao interior da carcaça de metal e madeira.
Sinto que como ele, também eu gostava
que a minha Alma acordasse deste
sonho de domingo...

sábado, 17 de julho de 2010

Shiuu....


Já te calaste?
Faltava cá um suspiro...
Um desenhar de emoções
ao contrario...
Descobriste um lado sombrio
Aquele que me prende
à ilusão de que o Mundo é teu...
Mas não é...
E sei-o.
Sempre soube.
Mas algo me tirava do serio
e me punha a pensar
nos carroceis da feira de Maio.
Na musica que dançava
pelo ar antes de morrer no meu ouvido.
Já te calaste?
Já te calavas...
Fartinho até aos ossos
de ouvir essa ladainha
sempre igual aos dias pardos.
Já te calavas...
Já me deixavas pensar
de novo a serio
e perceber que o teu Mundo
já não tem carroceis,
nem algodão doce com que
se possa deliciar a boca
e os sentidos, agora
surdos ao que dizes...
Já te calaste?
Então?
Não dizes nada?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mana...?


E depois há o silencio.
Há uma espécie de frio vespertino
que se entranha, como no inverno...
E ela dizia: "Este frio chega-me até aos ossos..."
E é esse frio, sabes?
Esse mesmo, que invade o ar quando
o silencio se instala...
E depois vem a dor...
A dor de saber que não há mais voz...
Não há mais barafustar com isto e aquilo...
Porque tu nunca mais chegas,
ou porque o jantar já está na mesa
e está a ficar frio...
E a dor da saudade...
Do sorriso maroto...
Da teimosia carinhosa
Da sopa de feijão...
Sim...
Vem aqui tudo...
Mas como se diz,
é só o inicio de outra viagem.
Quando vier outra vez esse
aperto no lado esquerdo da tua Alma,
olha para o Céu...
Pintam-no para ti...
Para que te não sintas triste...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Valentes


Valentes...
Frios de sentimentos e sentidos contrários...
Fingindo força onde ela se esvai sem dó nem piedade.
Gagos à deriva na agitação das águas turvas sem fundo.
Valentes...
Quando assim que chega alguém mais sentido
cai por terra a força que se fingia de ferro.
Tremem-se as pernas e a alma...
As ideias começam a fugir...
Valentes...
Aqueles que conseguem sentar-se
ao fundo da sala e não verter um sentimento...
Nem uma lágrima...
Só silencio...
Valentes...
Os que ficam e que sofrem por ter agora
uma pontada de não se sabe bem o quê
a escangalhar o lado esquerdo da Alma...
Valentes...
Os que ficam e têm a dor pela frente.
A dor para sempre...
A lembrança do que foi...
E pior, a lembrança do que já não é...
Valentes...
Que sem saberem vão passar
pela noite antes de poder
ver um raio de Sol na manhã
Que aí vem...
Esses são valentes...

sábado, 10 de julho de 2010

A mil


Tenho a cabeça a mil...
Tenho um punhado de coisas cá dentro
que me estão a exceder
a velocidade e o pensamento...
E saem e saltam de ponto em ponto,
e Eu?
Eu bem tento agarra-las
ao chão para ver se consigo,
pelo menos deitar-lhes um olho,
de ver o que são afinal...
Mas não deixam,
furiosas, como se alguém lhes
quisesse fazer mal, fogem
e voam cá por dentro a mil...
A mil...
E até parece que o aspirador da vizinha
que ouço em surdina está cá dentro,
a ver se me apanha as coisa da mente...
Está a mil...
E de pensar que quero...
preciso dormir, nem assim,
se presta a deixar-me em paz...
E nem o raio do aspirador se cala...
Queria paz...
Fazer um chá de camomila
para a cabeça e desligar a luz da vizinha,
só para ter um momento,
ver se conseguia parar esta
diarreia de coisas que
voam pela minha cabeça
agora...
A mil...

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Quero que voltes... tempo,
mas tenho medo do que te posso dizer se o fizeres.
Por isso é melhor que sigas
o teu caminho sem olhar para trás.
Quero que sejas outra vez,
tenho tantas coisas para te dizer...
e se calhar nem todas são boas,
por isso é melhor que cada um siga o seu caminho...
Quero abraçar-te mais um pouco,
quero dar-te mais deste amor que sinto por ti...
mas tenho medo dele,
por isso fica por ai e não venhas...
Ou então vem,
não vá eu perder a cabeça de vez e dizer-te
alto e bom som, que te adoro de tanto te amar...
Quero que venhas...
ou que me digas que vens.
Mesmo que o não faças e me enganes,
quero que voltes...
Quero tanto que voltes...
Tanto que o não quero e pronto!!
Ilusão de delusões que se
esfumam num simples olhar...
Quero que voltes, mas sei que é impossível voltares.
Só queria entender porque é que continuo a querer que voltes...
Não acredito em impossíveis.

domingo, 4 de julho de 2010

Céu vermelho


Há algo de magico nas cores
vivas de um fim de dia...
Uma espécie de recordação,
de lembrança de que afinal,
aquilo que insiste em enferrujar
os carretos da mente,
nada mais é do que nada...
E depois, quando se pára
e se olha este vibrar quieto do céu,
assim, de repente,
tudo se esfuma em mais uma nuvem vermelha
que ali, parece eterna...
É nestes momentos que me lembro
do que tenho, de quem tenho comigo
e de quem esteve ao meu lado no passado
e agora não é mais que uma memoria...
E olho para elas e são todas, todas bonitas...
É aqui que as guardo...
Às memorias que quero para mim.
No céu vermelho de um fim de dia...
Talvez porque sei que, no fundo,
me lembro sempre...
No fundo
só acabou mais um dia...
até amanhã...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Esperar-te


Dá-me um pouco de ti.
Qualquer bocado serve para me
perder num suspiro de memoria.
Já se faz tarde meu amor.
Não tenho paciência nem cachecol
para ficar ao vento, à espera de te ver.
Dá-me um pouco de ti e um
tempo que possa perder
sem me ter preso num
dia frio de outono.
Já não tenho dedos para
gastar nas cordas da guitarra
que se esconde agora
no canto do meu quarto.
Nem vontade que me faça
cantar-te de novo ao ouvido
uma canção suave de verão.
Já se faz tarde meu amor,
mas dá-me um pouco de ti
e com esse pouco,
dás-me força para cantar
e suspirar por um momento teu
e este dia frio de outono
já o posso passar sem o
cachecol e esperar-te...


sábado, 26 de junho de 2010

Morde

Morde a língua...
Não fales agora que eles olham-te de soslaio
e nem sequer acreditam no que digas...
Nem sequer crêem que lhes dês o que quer que seja.
Morde a língua...
Não penses que dizer o que queres
se pode ser ou fazer...
Despe os preconceitos e não te percas
no vazio das palavras,
quando fogem da língua sem que queiras...
Morde a língua...
Não te afogues no escuro
da agua diferente...
Da agua que te cala do mundo
quando abaixo dela queiras falar...
Quando quiseres falar,
fala...
Mas sem que te percas
agua adentro e perdido do mundo...
Senão,
Morde a língua...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Escada


Já sei o que foi...
As escadas que descem para a rua e vão de encontro à porta fechada
que se esconde, no lado de dentro às pessoas que passam,
está agora à mercê da luz do Sol...
Do sujo...
As escadas estão lá, e sempre estiveram,
mas, vá-se lá saber porquê,
nunca ninguém as viu.
Nem a quem elas serviam todos os dias para ligar a rua
ao mundo escuro que existia lá em cima...
Já sei o que foi...
´É por isso, se calhar que nunca tiveram pó...
Sempre a subir e descer alguém,
que nunca ninguém viu.
Ou nunca ninguém reparou...
Só agora, que estão vazias e abertas ao mundo...
Já sei o que foi...
Abriu-se a porta e veio assomar-se,
a curiosidade.
E de repente começaram a olhar,
a espreitar e a ver as escadas,
nuas de vida.
Nuas de calor.
Nuas de tanto silencio...
E olham para elas com uma
curiosidade quase mórbida...
Como a alguém ao qual se rouba um sonho
bonito e se deixa, sem remorso,
sozinho, no frio da desilusão...
E os outros a olhar...
Sem ver nada.
Já sei o que foi...
Foi um ar que passou por aqui...
Foi o olhar que despertou...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Paciência...


Nestes dias é que nos damos conta do que esquecemos
e afastámos para trás das costas...
Nestes dias é que sentimos a falta
de alguém que há já muitos anos fugiu do nosso mundo.
Nestes dias é que damos connosco a pensar nos
desfeitos e errados que afinal nada eram
senão opções que devíamos ou não seguir...
E depois é nestes dias que algo de bonito
vem ter connosco e nos devolve o calor
de um dia tranquilo.
O doce de um sorriso rasgado...
A ternura de um beijo que voa e vem cair
de mansinho na nossa face...
E nestes dias estamos tão embrenhados
no que se passou, tão envoltos em duvida,
tão desesperados por respostas que não chegam que...
Passa tudo ao lado...
Como a porta do metro a fechar mesmo quando estávamos
quase quase para entrar...
Paciência...
Esperas pelo próximo...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sorriso perfeito

Começou...
Um sentimento de quente
aqui dentro...
Sentimento de paz e alegria.
Deixo para trás aquilo que quis um dia.
Deixo para trás o que pertence ao passado.
Não o queria afinal...
Não assim.
Rasga-se a minha boca num sorriso perfeito
que há já muito não desenhava a minha face.
Será por ti?
Se calhar é por ti...
Se calhar foste tu...
Se calhar não...
Ou se calhar é só porque me abriste
o coração outra vez...
E se for por isso...
Só por isso, vou ter-te para sempre comigo.
Nem que seja só por teres um sorriso perfeito.
Nem que seja só por ter um sorriso perfeito
com a cara esborrachada na janela
molhada da chuva.
Nem que seja só por libertar de dentro mim
esta forma bonita de saber que estamos bem...
Um sorriso perfeito...
Num dia de chuva.

domingo, 6 de junho de 2010

Distante

Tenho uma mão cinza
neste meu dia de frio ardente.
Sai de mim um vento agreste
que voa pelo ar pardo.
Faz-se asco só de pensar no passado...
Já nem as cartas que te escrevi
guardo na caixa debaixo da cama...
Uma destas noites frias de verão,
queimei-as na lareira para me aquecer...
Guardei a caixa debaixo da cama,
agora vazia de passado...
Tenho uma mão fria
neste meu dia de cinza ardente.
E o cinzento da fogueira que agora
de lume já nada emana,
inunda o ar que se torna venenoso.
Tenho de sair...
Fugir do canto frio de cinza que me
tenta sufocar, e explodir no
dia que me espera...
Explodir de alegria...
Estou cá fora!!!
Vou sorrir bastante,
manter um ar distante
e esquecer quanto tempo faz.
Já não me prendes...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Momento invejoso


Desliguei o radio...
Agora não me apetece atordoar os ouvidos
de sons que me parecem estranhos.
Quando se tem a cabeça cheia de merda
não se consegue escutar o radio...
Pena não poder desligar também a cabeça
e os olhos, do dia... Bem bom seria.
Pena não poder parar o Mundo por uns tempos.
Só até tirar a limpo a discórdia
que reina em minha mente
e por tudo no lugar, e aí,
aí então carregar de novo no botão
para ligar o Mundo, e Ele começar a rodar
outra vez... Devagarinho.
E nesse tempo tempo de pausa, ter nada.
Só nada que me parasse o tempo de tudo... Todos...
Só nada para poder respirar fundo um pouco de nada.
Nada para me fazer companhia nesse momento invejoso.
Já desliguei o radio...
É um bom começo...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Silêncio


Já não há nada aqui.
Já não há sons que invadam o ouvido.
Já não há passos dados no chão frio de pedra.
Já não há gritos de prazer num momento bonito.
Já não há luz que me diga o caminho.
Já não há nada aqui.
Já não hás tu.
Já não há o nosso tempo.
Já não há nada.
Nada que possa agarrar e dizer que é meu.
Que quero guardar comigo para sempre.
E para sempre até nem parece longe
quando já nem há nada...
Fecho os meus olhos.
Cá dentro, o Mundo que criei,
e tu nele, fitas-me com
o teu olhar de mel e cor.
É vivo o meu Mundo.
É um Mundo como deve ser.
E penso...
O Mundo que quero é este.
Abro os olhos...
Silêncio...
Perde-se o Mundo na memoria...
Aqui? Nada...
Já nem o silêncio se digna a ficar.
Um tudo de nada...
E já nem há nada aqui...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Mar de tempo


Já é tarde, sabias?
Já há muito dia e luz para trás.
É muito mais que um simples acordar.
É um murro no estômago quando menos se esperava.
E Eu nem sei onde vou, daqui.
Só sei que é tarde, já...
E tu és longe, e perto ao mesmo tempo.
Agora e ontem, assim, de repente...
Fuga ao nexo e ao desalinho.
E Eu não entendo, mas aceno com a cabeça,
como se tudo fosse óbvio, claro!
Pois então?
Já é tarde, sabias?
Já é tarde e eu tenho de por as
minhas coisas no carro e sair...
Temos os caminhos trocados.
Há um mar de tempo
entre os nossos dias.
Um mar de tempo
entre um olhar.
E mesmo que não entenda
porque o faço, assim, de animo leve,
nada me impede de o fazer...
Bem podias...
Mas era pedir demais.
Nem Eu mereço isso...

sábado, 15 de maio de 2010

Deixa-me


Deixa-me sair daqui...
Assim como quem sai de manhã para o trabalho,
sem olhar duas vezes para o que ficou por fazer.
Deixa-me sair de ti...
Fugir-te e perderes-me de vista e nem sequer
quereres procurar-me pelos recantos...
Deixa-me chover por ti abaixo
e molhar a tua pele fria e calada.
Deixa-me ser a luz de um breve instante de Sol.
Secar a agua que jorrei por ti abaixo
e aquecer a tua Alma...
Deixa-me despir o momento...
Devagarinho...
E sentir que o tempo foge ao controlo do mundo
e se refugia no lado esquerdo do meu peito...
Deixa-me sair daqui...
Assim como como quem sai de mansinho
de uma vida que se pensava a certa...
Deixa-me sair de ti...
Desaparecer por ti a dentro e esconder-me
no teu âmago e Tu!!... Tu bem querias
encontrar-me, mas Eu!!!... Eu escondia-me de ti...
Assim me deixasses...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Apaga isso!






Apaga isso!!
Peças de qualquer coisa, que querem juntar-se
e fazer, ou fingir fazer, parecer algo.
coisas que sós, não se entendem
e andam por aí ao Deus dará,
à espera de algo que não se sabe...
Não se é...
Apaga isso!!
Faz-te mal à saúde e à alma.
É como um cigarro que se fuma
e sabe bem...
Tão bem, mas faz mal, desgraçado...
Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe...
Apaga isso, já disse!!
Levanta-te já desse estado de inercia em que ela te pôs
e acorda para o caminho que tens de seguir.
Acorda para os teus pés e para os teus ideais.
E se não fossem os outros,
aqueles que estão contigo,
agora não estavas aqui,
a ver o embrulho de dias
que se amontoam atrás de ti...
Apaga isso!!
Já te não serve de nada continuares
com isso na cabeça e no telemóvel,
mas, nem sabes porquê,
lá está, guardado, só para te tirar a calma,
quando quiseres.
E tu queres que a calma se vá de ti.
Queres perder a cabeça e ter uma razão...
Apaga isso!!!