sábado, 29 de janeiro de 2011

Falas de ti


Falas de ti,
das coisas velhas
e do tempo que passa...
Levam-me as tardes
quentes de verão...
Sabores de um
copo de vinho na mesa.
As paginas de um livro
que se debruça
à brisa vespertina...
Os passos de alguém
que sobe a rua...
As ideias que se perdem
e se fundem num olhar de prazer...
Um suspiro de sorrisos
que se amontoam na cara.
Um ola que sabe a mel...
Um beijo que cora
o céu de inveja...
E ali na minha frente,
sentidos de amor despertas.
Meus olhos em teus se perdem
as mãos, por ti desertas...
E sem sequer te dares conta,
do fogo que arde cá dentro...
Falas de ti e das coisas...
E eu perdido no centro
de um monte de coisas tontas...




domingo, 23 de janeiro de 2011

Para sempre

Tenho aqui dentro um frio estranho...
Engasgam-se-me as palavras ao sair...
E o cinzento de uma foto antiga
é o único vislumbre de cor que se tem deste lado...
Tenho aqui dentro um frio estranho...
O silencio grita de mim ao ver-te partir...
A rua torna-se mais longa com os teus passos
fica mais escura, sombria...
Tenho aqui dentro um frio estranho...
Dentro de algo que não é meu...
E já nem tu nem ninguém mandam nele...
Tenho aqui dentro uma manhã fria.
De um dia frio de inverno que passei
a olhar a janela, a rua longa de ti...
A rua que te levou, por aí...
E a foto que guardo comigo
continua cinza, a mostrar o canto
onde um dia, frio, me apertaste
a mão e prometeste calor, para sempre.
Perdoa-me meu amor,
mas agora sei que não há para sempres...


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sentimento

Esfuma-se o fumo de um cigarro
por entre dedos dormentes...
És da cor do que quero...
Da cor do meu sentimento.
Sentido e passos dados fora...
Da cor de um dia que passa
sem se ver, sentir...
Faz frio lá fora
e o cigarro corre a extinguir-se,
e o silencio que corta
este quarto pequeno,
desarranja as ideias...
E a cor das ideias esvai-se,
e o fumo escapa-se dos dedos
por esse fundo de corredor
quando se abre a porta...
Só restas tu, cor, num mundo cinza
que se esqueceu que um dia o céu foi azul...
És da cor do que quero.
És flor num mundo estéril...
Sentido e momentos guardados dentro.
Da cor do meu sentimento...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Há momentos


Esconde o momento...
Esconde-o atrás de um sorriso,
ou então, escondido numa gaveta
que ninguém consiga abrir.
Os olhos a esconderem-se
por entre um corpo nu
ou a deliciar-se com um simples pôr de Sol...
Espera que não te encontrem assim,
ferido e fragil,
escondido e sem forças...
Que descubram que afinal já não
és quem dizias ser...
Que afinal o que foi não era para ser.
Ou então que já nem te lembras
daquilo que disseste no outro dia...
E o Sol já se pôs...
Já não há calor que distraia,
nem luz que ofusque...
Faz figas...
Esconde o momento...
Que o não encontrem e to tirem...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um copo de vinho


Hoje o som do dia não se faz ouvir...
Ficou parado no espaço que o separa
da confusão da gente.
Nem o vento que passou pela praia
teve coragem de mostrar onde ia.
Nem a chuva se ouve,
a cair no chão e na janela do carro.
Nem as pessoas que falam na rua
se ouvem umas às outras.
Falam em surdina, para elas, com elas...
Viram costas e saem, cabisbaixas
pela rua abaixo, até desaparecerem
pela bruma que faz o silencio.
Hoje o som do dia, distraído,
nem se lembrou dos pássaros,
que de frio se esconderam de nós...
Hoje está um silencio calmo...
Lembra os dias em que um copo de vinho
faz esquecer tudo.
Lembra os dias em que um copo de vinho
nos faz recordar tudo...