terça-feira, 15 de março de 2011

Ler


Assim de repente não sei ler...
Não se percebem as letras do caminho.
Assim de repente o Sol ofusca as ideias
e desarranja os pensamentos...
E as coisas que parecem reais,
frágeis ao toque de uma mão
cheia de rugas,
cheias de nada e de tudo
ao mesmo tempo, essas coisas,
fogem de nós, como se preciso fosse
que fugissem...
Assim de repente cria-se uma ilusão...
Prende-se o olhar em algo
que passou, que partiu, já longe...
Assim, como quem não quer, mas quer...
E já nem se percebem as letras do caminho.
Já se inventam e põem nos sítios que se quer,
só porque aí parecem bem...
Só porque se quer que façam sentido
mesmo que deixem de o ter.
Só porque, de repente, alguém diz
que, dê lá por onde der, têm de fazer sentido.
Só porque sim...
Assim não brinco.
Assim fico de fora, a ver...
E talvez, quem sabe,
chegue alguém que as arrume
e lhes dê o sitio certo para começarem
a fazer sentido...
Assim, talvez...

4 comentários:

Anónimo disse...

Espero que, assim de repente, já saibas ler... =) Jinhos

Anónimo disse...

Gosto...

Anónimo disse...

Muito profundo e bonito, como sempre...
Beijinhos,
Rita Ferreira

Anónimo disse...

Nunca deixes de brincar:).. as rugas nas mãos são de tanto escreveres.. eu,nunca deixo de te ler..)
Xana