domingo, 31 de outubro de 2010

Espero


Já chegava, esse cheiro a saudade...
Castrado pela indiferença e silencio
que se fazem grandes na parede do quarto.
Já faltava o murmúrio de uma confusão
que se assoma à janela para ver o que criou.
Ao longe fogem as ideias que foram um dia
algo que se quis crer, algo que se quis querer...
Já chegava esse cheiro a novo...
Cheiro a papel celofane que se rasgou
de um presente se calhar envenenado...
Cheiro a chuva que bate forte na janela do carro.
E ao longe ouvem-se em surdina os trovões,
depois, muito depois do raio que se viu cair.
Já me saravas a ferida que sangra sem parar,
e me faz ficar aqui ao frio do inverno,
à espera de um dia de Sol que não chega...
À espera que pare a chuva...
À espera de um momento que me encha o peito
e me alegre a espera de um pouco de ti...
Já chegavas, tu...

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