quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Perdi


Fugi...
Aguardente morta num copo meio vazio... meio frio.
Xailes velhos que esvoaçam ao vento polar que se aproxima.
Portas meio abertas deixam passar os raios do Sol poente.
Sentado sem eira nem beira...
Devo-me isso pelo menos...
devo-me essa mágoa de esperar que chegue o vento.
Que passe o Sol para lá do mar e ilumine o outro lado do mundo.
Portas meio abertas deixam entrar os outros.
Xailes velhos das senhoras de outrora...
Negros de luto... num negro vibrante que ondula e mostra o vento.
Vasculham por entre as portas abertas por algo que lhes dê vida...
Alguém que, como eu, se sente ali, sem eira nem beira...
E lhes dê o esplendor que tiveram...
Perdi...
Ninguém veio...
Ninguém chegou...
Só o vento polar...
e as portas abertas que o deixam entrar...
E o Sol que irradia o fim da vida...
E eu que aqui... perdi...

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei...
Beijinho,
Rita Ferreira