domingo, 13 de dezembro de 2009

Vulto


Fito a rua, agora vazia e morta.
Estou cá fora... faz frio.
Está escuro já, neste dia, fim de Dezembro.
Janelas fechadas nas fachadas cinzentas da rua...
Tudo calmo...
Passa o tempo devagar... devagarinho...
Passa por mim um vulto que não consigo distinguir no escuro da noite.
Passa a correr... envolto na sua vida,
cruza-se com a minha sem sequer se aperceber
e desaparece quando dobra a esquina.
Penso em segui-lo, saber quem é,mas...
e o que encontrarei eu depois?
Que será que está do outro lado?
Quem?
E se ficar aqui e não dobrar a esquina?
O vulto que mal vi, dobrou-a e desapareceu no escuro da noite...
Dobro a esquina...
janelas fechadas nas fachadas cinzentas
que agora se agigantam na minha frente...
Do vulto, nada...
De novo, nada...
Nada de nada...
apenas o virar da esquina
e o olhar este lado do mundo
que agora já conheço...
igual...
O vulto, esse, passou pelo meu lado do mundo e,
pergunto-me se sequer parou por um pouco
para o ver... para saber...
Tinha pressa.
Pressa de dobrar a esquina e, como magia,
desaparecer neste canto calmo da noite fim de Dezembro,
por entre essas janelas fechadas do escuro...
Fechadas do mundo cinzento...
do frio da rua...

Sem comentários: