quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Luz do dia


É o ultimo resto de dia.
Prendem-se ainda alguns raios do Sol
num céu agora a perder as cores.
O farol do cabo começa o seu
bailado nocturno
e despeja pela paisagem
ténues momentos de luz...
Sentado a contemplar o mar,
sem sequer se aperceber que começa
pouco a pouco a chuviscar,
um ser pensativo mergulha o seu dia
naquele imenso azul escuro.
Como se estivesse a esconde-lo de si mesmo,
ou então a desfazer-se de algo que já não
lhe pertence mais...
Esvoaçam aqui e ali os pardais mais astutos
em busca de algo mais que lhes encha o bucho
antes que se vá a luz do dia...
Breves momentos que se tornam
para "sempre", quando se está assim...
E a chuva que começa a Beijar suavemente
a parte de baixo do mundo, sem que se note,
vai molhando, devagarinho...
E o farol continua...
Parece imortal com o seu raio de luz.
Inunda a paisagem com memorias
do dia, quando a noite é já rainha
de tudo à sua volta...
E o ser lá está,
sentado, imóvel,
como que longe desta realidade.
Como que esperando que o dia
mergulhado nesse azul escuro à sua frente,
não saia de onde está e se perca para sempre...
E sempre...

Sem comentários: