terça-feira, 4 de maio de 2010

O sorriso que é teu


Deixaste cá um suspiro...
Quando saíste porta fora nem sequer te preocupou saber
se o que deixavas para trás era teu ou não...
Ficou por aqui aos caídos...
E descansa que ninguém lhe tocou...
Ficou aqui, esquecido de ti, de tudo...
Deixaste cá o tempo...
Ali ficou... Ao canto escuro do quarto.
Escondido dos olhares indiscretos
de quem entrava e olhava o escuro,
curioso de saber o que encontrar...
Se encontrar...
Deixaste por aí, por ventura,
algum resto do que te dei?
É que me faz falta para começar de novo
a olhar o mundo que destruí.
Traz-mo se o tenhas...
Espero por ti à noite.
E quando a noite caia e te deixes
levar pelo silencio do vento
que passeia pela árvore ao fundo da tua rua,
estarei por lá com tudo o que aqui deixaste.
Podemos encontrar-nos sob os braços
cobertos de folhas e memórias
e quando a tua boca se espreguiçar
deliciosamente no sorriso que é teu,
trocaremos de olhares e eu dou-te o brilho
das coisas tuas que guardo em minhas mãos...

Sem comentários: