domingo, 14 de março de 2010

Despedida


A rua veste-se de vazio.
Já nem os pássaros voam por aqui.
Cai a névoa de fim de tarde
e abraça os candeeiros
que expulsam a custo uma luz ténue
para o meio do nada.
O dia despede-se, mas aqui,
ninguém repara.
Olho para a rua, lá ao fundo...
Já lhe não vejo o fim
nem o fim me vê a mim.
Sentado,
com uma chávena de chá numa mão
e um todo de nada na outra.
O chá é agora tudo o que me recorda
do calor que o Sol me trouxe neste dia.
O sino da igreja geme as sete da tarde ao longe...
Está a fazer-se tarde
e despede-se o dia sem ninguém reparar...
Triste e cabisbaixo, segue, horizonte fora,
deixando atrás de si este manto negro
que agora toma forma de noite.
O sino parou.
Agora, silencio de dia que se vai.
Já nem os pássaros voam por aqui.
Sentado, dou um gole no chá...
Sorrio...
Para Mim, para o fim do dia.
Para que saiba e se alegre...
Para lhe mostrar que Eu reparo na despedida.
E de alguma forma ele retribui,
e para mostrar o seu agrado
dá-me calma...
E sabe bem...

Sem comentários: