sábado, 6 de março de 2010

Pedaços...





Sou um pedaço de tudo cheio de nada...
Um ponto de luz no escuro da noite.
Algo que se vê e não se quer.
Fito o vazio aqui de fora...
Espreita à porta o gato preto.
Lambe as patas e fita-te com o seu olhar.
És um pedaço de nada, vazio de tudo,
mas ele vê-te...
Viro as costas à noite e apago
por hoje a luz que me guia.
Vou dormir, não sei nem para quê.
Fecho os olhos e continuo aqui...
Nem vontade sequer de aquecer a Alma
com a memoria do que já foi...
Já que aqui estou, já que aí estás,
ao menos deixa-me dormir.
Deixa-me descer do escuro e por ora
perder-me nesse prado de margaridas
em flor e riachos que acalmam
os sentidos com os sons que faz
a agua, correndo por entre as rochas...
Deixa-me dormir...
É só um pedaço...
Um pedaço de tudo... cheio de nada.

2 comentários:

Cláudia Silva disse...

Engraçado...eu sinto sempre que somos um nada cheio de tudo!*

Anónimo disse...

Neste momento, acho que sou um pedaço de nada cheio de tudo... definição perfeita... obrigada por teres ajudado a verbalizar um pensamento...

Beijinho,
Rita Ferreira