domingo, 25 de outubro de 2009

Abstracto



Paro o que estou a fazer e olho este céu nublado de Outubro.
Atrás de mim, falam numa lingua que não entendo.
E ao mesmo tempo, outros passam por mim e olham...
e desviam o olhar quando retribuo.
Só posso imaginar o que paira nas cabeças desta gente
que se cruza comigo, e eu, no caminho desta gente,
que pensa o que não sei... e gostava...
O céu cinzento por cima de mim ameaça com a chuva
e passa, devagar, numa direcção incerta para o horizonte...
Pergunto-me se mais alguém o vê como eu...
Atarefados e ofuscados com as suas vidas,
logo se apressam a abrir os seus carros, a entrar e arrancar,
como se já estivesse tudo visto, tudo feito.
Tocam os sinos da igreja... são quatro da tarde...
Ontem por esta hora já eram cinco...
E se calhar não tinham tanta pressa ontem,
em entrar nos carros e a sair,
como se já tivessem visto tudo...
feito tudo...
E falam numa lingua que não entendo,
coisas estranhas...
pelo menos para mim... e passam por mim
e olham-me,como se me conhecessem
de algum lugar ou tempo distante,
mas tivessem vergonha de me vir falar...

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito profundo e abstracto... Parar para ver e sentir o que està à nossa volta é uma boa maneira de perceber que o dia nao foi em vao...
Beijo grande,
Rita