quinta-feira, 2 de outubro de 2008

És tu...

Foi este corpo suado e cansado que encontrou as aguas frias da baía, envolta em névoa vespertina neste fim de setembro.
Entro... está fria... bem fria... recordo...
Recordações do calor que aqui já senti na minha pele, das alegrias que estas mesmas aguas já me trouxeram... e não há muito tempo.
No entanto, tudo o que agora vejo e sinto é silencio, vazio e solidão... será possivel que o mesmo local, a mesma hora, a mesma agua possam trazer sentimentos tão distintos??
Será a noite que os tráz?
Não creio, pois já passei grandes noites regadas com boa conversa e alegria...
Será o frio que os tráz?
Tambem não acredito, pois dos melhores momentos que recordo com saudades da minha vida, passei-os à lareira numa noite fria de inverno...
Este corpo, agora mais calmo e relaxado, larga finalmente as redeas que seguram a minha mente e permitem-na vagear pelo limbo e recordar melhor esses momentos...
Ponho-me a pensar em tudo o que passou e chego à mais simples conclusão...
Todos os momentos felizes que passei na vida, foram recheados de pessoas e seres que amo.
São eles que dão vida, cor e alegria às coisas.
Foi com eles que consegui ver luz na escuridão, o magnifico no horrivel, o doce no fel...
Descobri tão somente que são voces meus amigos, meus verdadeiros amigos, a razão da beleza no mundo...

1 comentário:

Cristina Costa disse...

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca